Psicopatologia da dominação: Frantz Fanon e Grada Kilomba sobre o trauma colonial

Autores

DOI:

https://doi.org/10.59539/2175-2834-v27nespecial1-1128

Palavras-chave:

trauma colonial; dominação; violência colonial; psicopatologia.

Resumo

O presente texto explora as consequências psíquicas da dominação por meio das análises de Frantz Fanon e de Grada Kilomba e do conceito de trauma colonial. A proposta é destacar alguns aspectos históricos e sociais que permitem compreender como a estrutura da dominação, mediada pela violência colonial, resultou em psicopatologias nos colonizados e como esse efeito violento é abordado pela psicanálise. Por meio da análise da dominação e de seus efeitos nocivos, Fanon demonstra como as experiências de opressão, desumanização e violências físicas, inerentes ao processo de dominação de territórios e grupos de pessoas, geram traumas profundos que se manifestam em diversas formas de sofrimento psíquico. Além disso, destaca-se no texto que a violência colonial promovida no processo de dominação não se limita ao passado, no qual as práticas de dominação geravam efeitos imediatos, mas continua a produzir impactos duradouros nas sociedades pós-coloniais, na medida em que as próprias ferramentas de dominação permanecem atualizando suas formas de manutenção do poder e, portanto, reproduzindo novas violências contra grupos não hegemônicos. Para compreender, então, os efeitos psicossomáticos da dominação, faz-se necessário um entendimento das relações de poder que se perpetuaram ao longo do tempo e que se atualizam constantemente para a sustentação de uma lógica de dominação que resulta, entre outras consequências, no adoecimento de pessoas pertencentes a grupos minorizados. Este artigo não pretende esgotar o tema, mas, sim, destacar algumas questões centrais que podem servir como ponto de partida para aprofundamentos futuros.

Biografia do Autor

Jéssica Kellen Rodrigues, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

Professora e pesquisadora de Pós-doutorado em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas (2024) com a pesquisa "Teorias críticas da raça e o ensino da história da filosofia como base para uma pedagogia engajada enquanto práxis política". Doutora em Filosofia pelo Programa de Pós-Graduação em Filosofia da mesma instituição, com a tese intitulada "As noções de movimento e de criação divina na filosofia de Descartes: Uma leitura não ocasionalista", defendida em agosto de 2023. Mestra em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas, com a dissertação "Metafísica e matemática: A relação das ideias evidentes da intuição e o fundamento primeiro do conhecimento na filosofia cartesiana", defendida em setembro de 2018. Licenciada em Filosofia pela Universidade Federal de Lavras, onde desenvolveu o trabalho de conclusão de curso com o tema "A verdade do cogito no sistema cartesiano" em 2015. É editora da Enciclopédia Mulheres na Filosofia. Atualmente é membra do Grupo de Pesquisa Metafísica e Política (GPMP), do Grupo de Estudos, Pesquisas e Escritas Feministas (GEPEF), do Grupo de Estudos Luiz Gama, do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Mulher e Raça (MURA) e do Physis - Centro de Pesquisa sobre a História da Filosofia da Natureza. Seus temas de interesse incluem Filosofia e Raça, Teoria Crítica da Raça, Feminismos, Feminismo Negro, Filosofia Moderna, Descartes e o Cartesianismo, História da Filosofia da Natureza, Filosofia e Psicanálise e Ensino da Filosofia.

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Publicado

2025-09-18

Como Citar

Rodrigues, J. K. (2025). Psicopatologia da dominação: Frantz Fanon e Grada Kilomba sobre o trauma colonial. Natureza Humana - Revista Internacional De Filosofia E Psicanálise, 27(especial1), 301–322. https://doi.org/10.59539/2175-2834-v27nespecial1-1128

Edição

Seção

Dossiê II Congresso Internacional Psicanálise e Filosofia: Psicanálise e os Labirintos da Alma