Daseinsanálise e Psicanálise: caracterização de como se dá esse debate na atualidade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.17648/2175-2834-v22n1-350

Palavras-chave:

psicoterapia existencial; psicanálise; Heidegger, Martin, 1889-1976; Freud, Sigmund, 1856-1939; epistemologia.

Resumo

Este estudo objetiva retomar o diálogo efetuado entre a tradição da ontologia hermenêutica heideggeriana e a psicanálise freudiana, a fim de caracterizar como ele tem sido realizado na atualidade. Apesar de existirem muitos argumentos que questionam a possibilidade de articulação entre esses dois campos, eles não encerram consensualmente essa discussão e exigem ser atualizados. No cenário mais recente, algumas pesquisas têm acenado para o estabelecimento de pontos de conexões entre elas, sem, contudo, desconsiderarem a especificidade dos campos teóricos em questão. Essa forma de interlocução parece o grande desafio aos pesquisadores na atualidade.

Referências

Acosta, C. L., & Andrews, V.G.H. (2012). Psicoanálisis y fenomenología heideggeriana: la atención parejamente flotante. Praxis. Revista de Psicología, 14(22), 45-64.

Araújo, F. M. (2012). O falatório segundo Heidegger e em Lacan. Revista Páginas de Filosofia, 4 (2), 17-28.

Assoun, P.L. (1983). Introdução à epistemologia freudiana. Rio de Janeiro: Imago.

Assoun, P.L. (2009) Freud, la philosophie et les philosophes. Paris: PUF. (Trabalho original publicado em 1976).

Ayouch, T. (2009). Approche de la psychanalyse par la phenomenologie: l'exemple de Merleau-Ponty. Revue de Phenomenologie et de Psychologie Analytique, 7-20.

Ayouch, T. (2012). Maurice Merleau-Ponty et la psychanalyse: la consonance imparfait. Paris: Le bord de l'eau.

Barua, A., & Das, M. (2014). Phenomenology, psychotherapy and the quest for intersubjectivity. Indo-Pacific Journal of Phenomenology, 14(2), 1-11.

Bass, A. (2007). The mystery of sex and the mystery of time: an integration of some psychoanalytic and philosophical perspectives. Postmodern culture, 18(1).

Beaulieu, A. (2009). Les démêlés de Merleau-Ponty avec Freud: des pulsions à une psychanalyse de la nature. French Studies, 63(3), 295–307.

Beaune, J.C. (Org.). (1998). Phénoménologie et psychanalyse: étranges relations. Lion: Editions Champ Vallon.

Bernet, R. (2002). Unconscious consciousness in Husserl and Freud. Phenomenology and the cognitive sciences, (1), 327-351.

Binswanger, L. (2013). Meu caminho até Freud. In L. Binswanger. Sonho e existência: ensaios e conferências I - escritos sobre fenomenologia e psicanálise (M. A. Casanova, Trad., pp. 63-88). Rio de Janeiro: Via Verita. (Trabalho original publicado em 1957).

Binswanger, L. (2013). Sobre a fenomenologia. In L. Binswanger. Sonho e existência: ensaios e conferências I - escritos sobre fenomenologia e psicanálise (M. A. Casanova, Trad., pp.89-138). Rio de Janeiro: Via Verita. (Trabalho original publicado em 1922).

Binswanger, L. (2013). Experiência, compreensão e interpretação na psicanálise. In L. Binswanger. Sonho e existência: ensaios e conferências I - escritos sobre fenomenologia e psicanálise (M. A. Casanova, Trad., pp.43-62). Rio de Janeiro: Via Verita. (Trabalho original publicado em 1926).

Binswanger, L. (1970). La conception freudienne de l'homme à la lumière de l'anthropologue. In L. Binswanger. Discours, parcours, et Freud: analyse existencielle, psychiatrie clinique et psychanalyse (R.Lewinter, Trad., pp.201-237). Paris: Editions Gallimard. (Trabalho original publicado em 1936).

Birman, J. (1991). A constituição da clínica psicanalítica. In: J. Birman. Freud e a interpretação psicanalítica (pp.135-166). Rio de Janeiro: Relume-Dumará.

Boss, M. (1982). Psychoanalysis and Daseinsanalysis (L.B. Lefrebre, Trad.). New York/London: Basic Books Inc. Publishers. (Trabalho original publicado em 1963).

Bühler, K.E. (2004). Existencial analysis and psychoanalysis: especific differencer and personal relationship between Ludwig Binswanger and Sigmund Freud. American Journal of Psychotherapy, 58(1), 34-50.

Cabestan, P. (2010). Être soi-même: approche phénoménologique de l'authenticité et de l'inauthenticité. Natureza Humana, 12(2), 1-15.

Campos, E.B.V. (2013) Considerações sobre o estatuto epistemológico da psicanálise: a teoria das pulsões e a problemática da representação na contemporaneidade. In C.C.E. Mouammar, & E.B.V. Campos (Orgs.) Psicanálise e questões da contemporaneidade (pp.31-46). Curitiba, PR: CRV; São Paulo: Cultura Acadêmica Editora.

Campos, E. B. V. (2014). Limites da Representação na Metapsicologia Freudiana. São Paulo: EDUSP.

Carel, H. (2006). Life and death in Freud and Heidegger. Amsterdam: Rodopi.

Coelho-Junior, N.E. (1991). Introdução: Merleau-Ponty e sua relação com a fenomenologia e a psicanálise. In F. Knobloch (Org.). O inconsciente: várias leituras (pp.123-145).São Paulo: Escuta.

Casanova, M.A. (2008). Da pulsão de morte à finitude dos mortais: Freud e Heidegger em torno da questão da mortalidade. In I. Borges-Duarte (Orgs.) (pp.263-278). A morte e a origem. Em torno de Heidegger e de Freud. Lisboa: Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa.

Dallmayr, F. (1993). Heidegger and Freud. Political Psychology, 14(2), 235-253.

Dastur, F. (1998). Phénoménologie et métapsychologie. In J.C. Beaune (Org.). (pp.273-284). Phénoménologie et psychanalyse: étranges relations. Lion: Editions Champ Vallon.

Dastur, F., & Cabestan, P. (2015). Daseinsanálise: Fenomenologia e Psicanálise. Rio de Janeiro: Via Verita.

Duportail, G.F. (2006). Psychanalyse et phénoménologie: questions et enjeux. Savoirs et clinique, 7(1), 163-174.

Dutra, C.C. (2000). Fenomenologia e (in)consciência: Husserl, Freud e psicoterapia. Rev. Estudos de Psicologia, 17(1), 44-54.

Figueiredo, L.C. (1991). Matrizes do pensamento psicológico. Petrópolis, RJ: Vozes.

Figueiredo, L. C. (1994). Escutar, recordar, dizer: encontros heideggerianos com a clínica psicanalítica. São Paulo: Escuta/Educ.

Figueiredo, L. C. M. (1996a). Heidegger e a psicanálise: encontros. Psicanalise e Universidade, (4), 39-51.

Figueiredo, L.C. (1996b). Maldiney e Fédida: derivações heideggerianas na direção da psicanálise. Cadernos de subjetividade, (4), 95-108.

Figueiredo, L.C. (1999). As províncias da angústia (roteiro de viagem). Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 2(1), 50-63.

Figueiredo, L.C. (2008). Ética e técnica em psicanálise. São Paulo: Escuta, 2008.

Fowler, S. A. (2004). The self-overcoming subject: Freud's challenge to the cartesian ontology. Journal of phenomenological psychology, 35(1), 97-109.

Freud, S. (1996). A interpretação dos sonhos. In S. Freud, Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, trad., Vols. 4 e 5). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1900)

Freud, S. (2010a). Acerca de uma visão de mundo. In S Freud, Obras completas: O mal-estar na civilização; Novas conferências introdutórias à psicanálise e outros textos (P. C. de Souza, trad., Vol.18, pp.321-354). São Paulo, SP: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1933)

Freud, S. (2010b). Além do princípio do prazer. In S Freud, Obras completas: História de uma neurose infantil: (“O homem dos lobos”); Além do princípio do prazer e outros textos (P. C. de Souza, trad., Vol.14, pp.161-239). São Paulo, SP: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1920)

Garcia-Roza, L.A. (2016). Freud e o inconsciente. 2ed. Rio de Janeiro: Zahar. (Trabalho original publicado em 1985)

Goto, T.A. (2008). Introdução à Psicologia Fenomenológica: a nova psicologia de Edmund Husserl. São Paulo: Paulus.

Heidegger, M. (2001). Seminários de Zollikon (G. Arnhold & M. F. A. Prado, Trad.). São Paulo: Educ, Petrópolis, RJ: Vozes. (Trabalho original publicado em 1987)

Heidegger, M. (2012). Ser e Tempo. (Trad. Fausto Castilho). Campinas, SP: Editora Unicamp; Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2012.

Holzhey-Kunz, A. (2018). Daseinsanálise: o olhar filosófico-existencial sobre o sofrimento psíquico e sua terapia. Rio de Janeiro: Via Verita.

Honda, H. (2004). Intencionalidade e sobredeterminação: Merleau-Ponty leitor de Freud. Psicologia em Estudo, 9(3), 417-427.

Husserl, E. (2012). Investigações Lógicas (P. Alves & C. Morujão, Trad., Vol. 2, Parte 1). Rio de Janeiro: Forense Universitária. (Trabalho original publicado em 1900)

Jonckheere, J. (2008). L' “idée” de la Daseinsanálise. In P. Cabestan; F. Dastur (Orgs.). (pp, 87-100). Lectures d'Être et Temps de Martin Heidegger: quatre-vingts ans après. Paris: Le Cercle Herméneutique.

Loparic, Z. (1999a). Heidegger and Winnicott. Natureza humana, 1(1), 103-135.

Loparic, Z. (1999b). É dizível o inconsciente? Natureza humana, 1(2), 323-385.

Loparic, Z. (2001). Além do inconsciente: sobre a desconstrução heideggeriana da psicanálise. Natureza humana, 3(1), 91-140.

Loparic, Z. (2002). Binswanger, leitor de Heidegger: um equívoco produtivo? Natureza humana, 4(2), 383-413.

Loparic, Z. (2007). Origem em Heidegger e Winnicott. Natureza humana, 9(1), 243-273.

Lutereau, L. (2011). Acerca de la verdad: Heidegger y Lacan. Fenomenología y Psicoanálisis. Revista Affectio Societatis, 8(14), 2-19.

Lutereau, L. & Kripper, A. (2012). Lo inconsciente em la fenomenologia y el psicoanálisis: la cuestión de la metapsicología. Revista Universitaria de Psicoanalisis, 12, 217-227.

Matteo, V. (2005). Heidegger e Psicanálise: uma conversa em Sicília. Revista de Filosofia, 17(20), 185-198.

Meyer, A.V. (2009). O discurso de Roma: ponto de inflexão da psicanálise. IDE, 32 (49), 170-176.

Mezan, R. (2007). “Que tipo de ciência é, afinal, a psicanálise?”. Natureza Humana, 9(2), 319-359.

Nancy, J-L., & Lacoue-Labarthe, P. (1991). O título da letra. São Paulo: Escuta.

Owen, I. R. (2006). Psychotherapy and Phenomenology: On Freud, Husserl and Heidegger. New York: iUniverse.

Pearl, J. (2013a). A question of time: Freud in the light of Heidegger's temporality. Amsterdam; New York: Rodopi.

Pearl, J. (2013b). The temporal foundation of the self and the other: a phenomenological reading of narcisism. Pastoral Psychology, 62, 533-544.

Pita, J., & Moreira, V. (2013). As fases do pensamento fenomenológico de Ludwig Binswanger. Psicologia em Estudo, 18(4), 679-687.

Ribeiro, C.V. (2008). Freud se encaixaria no rol dos operários (Handwerker) das ciências naturais? Considerações heideggerianas acerca da psicanálise freudiana. Aprender: Caderno de Filosofia e Psicologia da Educação. (10), 123-158.

Ribeiro, C.V. (2014). Freud e o methodenstreit: um debate a partir dos Seminários de Zollikon. Revista Diálogos Possíveis, 13(2), 97-122.

Richardson, W. J. (2003). Heidegger and Psychoanalysis? Natureza Humana, 5(1), 9-38.

Ricoeur, P. (1965). De l'interprétation: essai sur Freud. Paris: Éditions du Seuil.

Rocha, Z. (2000). Os destinos da angústia na psicanálise freudiana. São Paulo: Escuta.

Rocha, Z. (2004). Freud e a filosofia alemã na segunda metade do século XIX. Síntese, 33(99), 45-64.

Rubio, M. A. S. (2010). Precondiciones existenciarias de la clínica psicoanalítica. Enseñanza e investigación em psicología, 15(1), 217-227.

Santos. E. S. (2005). O conceito de angústia no pensamento pós-metafísico. Revista de Filosofia, 17(20), 45-66.

Santos. E. S. (2010). Winnicott e Heidegger: aproximações e distanciamentos. São Paulo: DWW Editorial: FAPESP.

Santos, I.P.A. (2009). Heidegger e Lacan: a linguagem do ponto de vista ontológico e da prática analítica. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica e Cultura, Universidade de Brasília, Brasília.

Siewert, C. (2012). Consciência. In H. L. Dreyfus, & M. A. Wrathall. (Orgs.). Fenomenologia e Existencialismo (pp.83-93). São Paulo: Edições Loyola.

Simanke, R. T. (2003). A letra e o sentido do “retorno a Freud” de Lacan: a teoria como metáfora. In V. Safatle (Org.). (pp.277-303). Um limite tenso: Lacan entre a filosofia e a psicanálise. São Paulo: Editora Unesp.

Stolorow, R. D. (2006). The relevance of Freud's concept of danger-situation for an intersubjective-systems perspective. Psychoanalytic Psychology, 23(2), 417-419.

Stolorow, R. D. (2007). Trauma and Human Existence: Autobiographical, Psychoanalytic, and Philosophical Reflections. New York: Routledge.

Stolorow, R. D. (2011). World, affectivity, trauma: Heidegger and post-cartesian psychoanalysis. New York: Routledge.

Stolorow, R. D. (2015). A phenomenological-contextual, existencial, and ethical perspective on emotional trauma. Psychoanalytic Review, 102(1), 123-138.

Svenaeus, F. (2000). Das unheimlich – toward a phenomenology of illness. Medicine, Health Care and Philosophy, 3, 3-16.

Warsop, A. (2011). The ill body and das Unheimlich (the uncanny). Journal of medicine and philosophy, 36, 484-495.

Zahavi, D. (2015). A fenomenologia de Husserl (M. A. Casanova, Trad.). 1.ed. Rio de Janeiro: Via Verita.

Downloads

Publicado

2020-07-03 — Atualizado em 2025-06-17