A apropriação propícia – pensar e amar como acontecimento em Heidegger

Autores

  • Irene Borges Duarte

Resumo

a radicalização da problemática fenomenológica da intencionalidade atinge o seu clímax no conceito de Ereignis, que não tivera lugar em Ser e Tempo, mas constitui o cerne da meditação dos Beiträge. Nele, está pensado o tempo cairológico do mútuo apropriar-se do ser e do aí em que toma forma: o erigir-se dos humanos em ser-o-aí (do ser) no instante propício do mais próprio dar-se do ser. O acontecimento dessa apropriação recíproca manifesta-se de muitas maneiras: em palavra, gesto, ato, obra. Mas, no último Heidegger, tem a sua máxima expressão naquilo a que chama «pensar»: o «pensar-propício» (Ereignis-Denken), aquele que não é calculador nem metafísico, que é «outro» relativamente ao já sido, filosoficamente desenrolado, e que, em última instância, é um gostar (mögen) de ser (do ser), que torna possível (möglich) e grato (dankend) o novo, que só assim pode propiciar-se. O mesmo acontece no amor, enquanto apropriação que expropria e enquanto é apropriado para a diferença. O presente trabalho explora esse vínculo entre pensar e amar como âmbito propício ao acontecimento do novo e defende a sua irredutibilidade à concepção inicial de qualquer objeto intencional.

Referências

AGAMBEN, G.; PIAZZA, V. (2003). L’Ombre de l’amour. Le concept d’amour chez Heidegger. Paris, Payot / Rivages Poche.

ARENDT, H.; HEIDEGGER, M. (1999). Briefe 1925 bis 1975 und andere Zeugnisse. Ed. U. Lutz. Frankfurt, Klostermann.

BINSWANGER, L. (1942). Grundformen und Erkenntnis menschlichen Daseins. Zürich, Max Niehans Verlag.

BORGES-DUARTE, I. (2017). “Cuidado e Pobreza em Heidegger”. In: Borges-Duarte, I., Sylla, B.; Casanova, M.A. (Ed.), Fenomenologia Hoje VI: Intencionalidade e cuidado. Rio de Janeiro. Via Verita, p. 9-35.

DAVID, P. (2013). “Amour”; “Eros”, in Le Dictionnaire Martin Heidegger, Paris, Cerf, p. 68-9 e p. 407-9.

GUEST, G. (2013). “Événement”, in Le Dictionnaire Martin Heidegger, Paris, Cerf, p. 463-465.

HEIDEGGER, M. (1964). Lettre sur l’Humanisme, Paris, Aubier.

HEIDEGGER, M. (1975 ss). Gesamtausgabe [GA]. Ed. F.-W. von Herrmann Frankfurt, Klostermann.

(1977), GA 2: Sein und Zeit. Ed. F.-W. von Herrmann.

(2002), GA 8: Was heisst Denken? Ed. Paola-Ludovika Coriando.

(2007), GA 14: Zur Sache des Denkens, Ed. F.-W. von Herrmann.

(1979), GA 20: Prolegomena zur Geschichte des Zeitbegriffs. Ed. Petra Jaeger.

(1985), GA 43: Nietzsche: Der Wille zur Macht als Kunst. Ed. Bernd Heimbüchel.

(1995), GA 60: Phänomenologie des religiösen Lebens. Ed. Claudius Strube.

(1989), GA 65: Beiträge zur Philosophie. Vom Ereignis. Ed. F.-W. von Herrmann.

(1997), GA 66: Besinnung. Ed. F.-W. von Herrmann.

(2013), GA 73.1 e 2: Zum Ereignis-Denken. Ed. Peter Trawny.

(1994), GA 79: Bremer und Freiburger Vorträge. Ed. Petra Jaeger.

(2007), GA 81: Gedachtes. Ed. Paola-Ludovika Coriando.

(2012), GA 83: Seminare: Plato – Aristotles - Augustinus. Ed. Mark Michalski.

(2015), GA 97: Anmerkungen I-V Schwarze Hefte 1942-1948. Ed. Peter Trawny.

HEIDEGGER, M. (1987). Zollikoner Seminare. Protokolle – Zwiegespräche – Briefe. Ed. de M. Boss. Frankfurt, Klostermann.

HEIDEGGER, M. (1996). „Carta al Padre William Richardson“. Anales del Seminario de Historia de la Filosofia (Madrid), nº 13, p. 11-8. Trad. I. Borges-Duarte.

HEIDEGGER, M. (2009). “O meu caminho na Fenomenologia”, Phainomenon – Revista de Fenomenologia (Lisboa), nº 18/19, 281-288. Trad.: Ana Falcato.

HEIDEGGER, M. (2012a). “A pobreza”, Phainomenon – Revista de Fenomenologia (Lisboa), nº 24, 227-234. Trad.: Ana Falcato.

SCHUBACK, M.S.C. (2012). “Heideggerian Love”. In: Bornemar, J. (Ed.), Phenomenology of Eros, Huddinge, Södertörns högskola, p. 129-52.

SEUBOLD, G. (2003). “Stichwort: Ereignis”, in Thomä, D. (Ed.), Heidegger Handbuch, Stuttgart, Metzlar, p. 302-6.

THOMÄ, D. (2003). “Heidegger und Hannah Arendt. Liebe zur Welt”. In: Thomä, D. (Ed.), Heidegger Handbuch, Stuttgart, Metzlar, p. 397-402.

TÖMMEL, T.N. (2013). Wille und Passion. Der Liebesbegriff bei Heidegger und Arendt. Frankfurt, Suhrkamp.

XOLOCOTZI, A.; TAMAYO, L. (2012). Los demónios de Heidegger. Eros y manía en el Maestro de la Selva Negra. Madrid, Trotta.

Downloads

Publicado

2019-06-29

Como Citar

Duarte, I. B. (2019). A apropriação propícia – pensar e amar como acontecimento em Heidegger. Natureza Humana - Revista Internacional De Filosofia E Psicanálise, 21(1). Recuperado de https://revistas.dwwe.com.br/index.php/NH/article/view/361