Entre sintomas e textos literários: a Psicanálise e a escolha dos nomes literários

Autores

  • Eladio C P Craia PUC-PR

DOI:

https://doi.org/10.17648/2175-2834-v21n3-419

Resumo

o presente artigo analisa a singularidade epistemológica que implica a utilização, tanto por parte do âmbito médico-psiquiátrico-, quanto, - e especialmente-, da psicanálise, dos nomes próprios de Sade e de Sacher-Masoch, autores oriundos da literatura não da medicina, nas suas tabelas sintomatológicas. Os nomes de Sade e Masoch identificam determinadas condições psíquicas bem conhecidas, assim como ajudam a organizar uma taxonomia do campo das perversões: o sadismo e o masoquismo. O texto aborda dois tópicos conceituais que se derivam desta escolha epistemológica: o primeiro visa determinar quais condições e caraterísticas muito específicas estas sintomatologias devem possuir para que não poderem ser nomeadas, como habitualmente, com os nomes dos médicos que reconhecem e isolam o conjunto sintomático. O segundo tópico analisa certo uso não literário que a psicanálise propõe destes sintomas nomeados por literatos, em particular a afirmação da necessária constituição de um complexo sadomasoquista. Neste sentido, o artigo verifica que, se levadas em consideração as literaturas de Sade e de Masoch, - no que elas expõem sobre tipos psíquicos e sobre produção desejante-, este complexo, esta reunião, não seria possível. A psicanálise reuniria o que a literatura, com tanto cuidado diferenciou. Para levar adiante esta reflexão, o texto acompanha a leitura que Gilles Deleuze propões da obra de Sacher Masoch, no seu texto, Apresentação de Sacher-Masoch: o frio e o cruel. 

Referências

Deleuze, G. (2009). Apresentação de Sacher-Masoch - O frio e o cruel. Tradução: Jorge Bastos. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2009.

Deleuze, G. (1973). Cinco proposições sobre a Psicanálise. In: Verdiglione, A. (Org.). Tradução: Cíntia Vieira da Silva. Psicanalisi e Política: Atti del Convegno di studi. Milão: Feltrinelli, 1973.

Deleuze, G.; Guattari, F. (1997). Crítica e clínica. Tradução: Peter Pál Pelbart. Rio de Janeiro: Editora 34 S/C Ltda., 1997.

Deleuze, G. ; Guattari, F. (1985). El Anti-Edipo. Tradução: Francisco Monge. Buenos Aires, Editorial Paidós, SAICF, 1985.

Deleuze, G.; Guattari, F. (1980). Mille Plateaux. Paris: Les Éditions de Minuit, 1980.

Krafft-Ebing, R. (2000). Psychopathia sexualis: 69 historias de casos. Tradução: Manuel Talens. Valência: La Máscara, coleção Malditos Heterodoxos, 2000.

Nim, D. (2013). El masoquista de Krafft-Ebing... y después. Revista Ñacate Revista de psicoanálisis de la école lacanienne de psychanalyse, 4, 2013, p. 31-51.

Rolnik, S. (1996). Deleuze, esquizoanalista. Cadernos de Subjetividade, jun, 1996.

Downloads

Publicado

2019-12-23

Como Citar

Craia, E. C. P. (2019). Entre sintomas e textos literários: a Psicanálise e a escolha dos nomes literários. Natureza Humana - Revista Internacional De Filosofia E Psicanálise, 21(3). https://doi.org/10.17648/2175-2834-v21n3-419

Edição

Seção

Dossiê