Freud além de Freud: uma leitura feminista decolonial de O mal-estar na civilização

Autores

  • Alessandra Affortunati Martins FFLCH-USP

Resumo

Trata-se de examinar o ensaio O mal-estar na civilização de Freud (1930) a partir de leituras feministas decoloniais, especialmente da obra Um feminismo decolonial de Françoise Vergès (2020). Freud diz que há três ameaças feitas à civilização. Uma delas viria de cristãos que desnutriram a vida terrena com suas crenças na vida do além; outra teria sido feita por mulheres sedentas de sexo e de afetos familiares, dois aspectos que disputariam investimento libidinal com a cultura e o âmbito público da vida, espaços exclusivos de homens, únicos verdadeiramente capazes de sublimação; a última seria oriunda de cidadãos europeus simpatizantes dos povos colonizados. Não se trata aqui de julgar Freud anacronicamente por suas posições e elaborações teóricas pautadas em visões alinhadas aos processos de colonização e à misoginia. Apontar esses embaraçosos pontos é interessante hoje apenas na medida em que re-situa a psicanálise contemporânea e a coloca em alerta sobre esses lugares um tanto quanto retrógrados em termos civilizatórios. De qualquer maneira, o Moisés de Freud ainda é um texto freudiano que pode fazer frente aos tropeços do velho pai da psicanálise.

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Publicado

2020-12-31

Como Citar

Affortunati Martins, A. (2020). Freud além de Freud: uma leitura feminista decolonial de O mal-estar na civilização. Natureza Humana - Revista Internacional De Filosofia E Psicanálise, 22(2), 18. Recuperado de https://revistas.dwwe.com.br/index.php/NH/article/view/451