"Daseinsanálise e Psicanálise: caracterização de como se dá esse debate na atualidade"

Autores

  • Caroline Garpelli Barbosa Unesp - Bauru
  • Érico Bruno Viana Campos
  • Carmen Maria Bueno Neme

DOI:

https://doi.org/10.17648/2175-2834-v22n1-350

Resumo

Resumo: Este estudo objetiva retomar o diálogo efetuado entre a tradição da ontologia hermenêutica heideggeriana e a psicanálise freudiana, a fim de discutir se ele ainda tem lugar na atualidade e, em caso positivo, problematizar como ele tem sido construído. Apesar de existirem muitos argumentos que questionam a possibilidade de articulação entre esses dois campos, eles não encerram consensualmente essa discussão e exigem ser atualizados. No cenário mais recente, algumas pesquisas têm acenado para o estabelecimento de pontos de conexões entre elas, sem, contudo, desconsiderarem a especificidade dos campos teóricos em questão. Essa forma de interlocução parece o grande desafio aos pesquisadores na atualidade. Abstract: This study aims to retake the dialogue made between the tradition of the heideggerian hermeneutic ontology and freudian psychoanalysis, in order to discuss whether it still has a place in the actuality and, if so, to problematize how it has been constructed. Despite having a lot of arguments which question the possibility of articulation between both fields, they don't enclose consensually this debate and require an updating. In the last scenario, some researches go towards the establishment of connection points among them, without, however, disregarding the specificity of the theoretical fields in question. This way of interlocution seems the great challenge of the researchers nowadays. 

Biografia do Autor

Caroline Garpelli Barbosa, Unesp - Bauru

Doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem, UNESP-Bauru; Professora da Universidade Paulista (UNIP - Sorocaba) e da Faculdade Anhanguera de Sorocaba.

Érico Bruno Viana Campos

Professor Assistente Doutor do Departamento de Psicologia da UNESP/Bauru. Docente dos cursos de graduação em psicologia e jornalismo. Líder do Grupo de Pesquisa: Psicanálise - Clínica, Teoria e Cultura e coordenador do Núcleo de Pesquisas, Ensino e Extensão em Psicanálise (NEEPPSICA). Credenciado ao programa de pós-graduação em Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem

Carmen Maria Bueno Neme

Professora Adjunta Aposentada do Departamento de Psicologia e orientadora no Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem, UNESP-Bauru.

Referências

Acosta, C. L., & Andrews, V.G.H. (2012). Psicoanálisis y fenomenología heideggeriana: la atención parejamente flotante. Praxis. Revista de Psicología, 14(22), 45-64.

Araújo, F. M. (2012). O falatório segundo Heidegger e em Lacan. Revista Páginas de Filosofia, 4 (2), 17-28.

Assoun, P.L. (1983). Introdução à epistemologia freudiana. Rio de Janeiro: Imago.

Assoun, P.L. (2009) Freud, la philosophie et les philosophes. Paris: PUF. (Trabalho original publicado em 1976).

Ayouch, T. (2009). Approche de la psychanalyse par la phenomenologie: l'exemple de Merleau-Ponty. Revue de Phenomenologie et de Psychologie Analytique, 7-20.

Ayouch, T. (2012). Maurice Merleau-Ponty et la psychanalyse: la consonance imparfait. Paris: Le bord de l'eau.

Barua, A., & Das, M. (2014). Phenomenology, psychotherapy and the quest for intersubjectivity. Indo-Pacific Journal of Phenomenology, 14(2), 1-11.

Bass, A. (2007). The mystery of sex and the mystery of time: an integration of some psychoanalytic and philosophical perspectives. Postmodern culture, 18(1).

Beaulieu, A. (2009). Les démêlés de Merleau-Ponty avec Freud: des pulsions à une psychanalyse de la nature. French Studies, 63(3), 295–307.

Beaune, J.C. (Org.). (1998). Phénoménologie et psychanalyse: étranges relations. Lion: Editions Champ Vallon.

Bernet, R. (2002). Unconscious consciousness in Husserl and Freud. Phenomenology and the cognitive sciences, (1), 327-351.

Binswanger, L. (2013). Meu caminho até Freud. In L. Binswanger. Sonho e existência: ensaios e conferências I - escritos sobre fenomenologia e psicanálise (M. A. Casanova, Trad., pp. 63-88). Rio de Janeiro: Via Verita. (Trabalho original publicado em 1957).

Binswanger, L. (2013). Sobre a fenomenologia. In L. Binswanger. Sonho e existência: ensaios e conferências I - escritos sobre fenomenologia e psicanálise (M. A. Casanova, Trad., pp.89-138). Rio de Janeiro: Via Verita. (Trabalho original publicado em 1922).

Binswanger, L. (2013). Experiência, compreensão e interpretação na psicanálise. In L. Binswanger. Sonho e existência: ensaios e conferências I - escritos sobre fenomenologia e psicanálise (M. A. Casanova, Trad., pp.43-62). Rio de Janeiro: Via Verita. (Trabalho original publicado em 1926).

Binswanger, L. (1970). La conception freudienne de l'homme à la lumière de l'anthropologue. In L. Binswanger. Discours, parcours, et Freud: analyse existencielle, psychiatrie clinique et psychanalyse (R.Lewinter, Trad., pp.201-237). Paris: Editions Gallimard. (Trabalho original publicado em 1936).

Birman, J. (1991). A constituição da clínica psicanalítica. In: J. Birman. Freud e a interpretação psicanalítica (pp.135-166). Rio de Janeiro: Relume-Dumará.

Boss, M. (1982). Psychoanalysis and Daseinsanalysis (L.B. Lefrebre, Trad.). New York/London: Basic Books Inc. Publishers. (Trabalho original publicado em 1963).

Bühler, K.E. (2004). Existencial analysis and psychoanalysis: especific differencer and personal relationship between Ludwig Binswanger and Sigmund Freud. American Journal of Psychotherapy, 58(1), 34-50.

Cabestan, P. (2010). Être soi-même: approche phénoménologique de l'authenticité et de l'inauthenticité. Natureza Humana, 12(2), 1-15.

Campos, E.B.V. (2013) Considerações sobre o estatuto epistemológico da psicanálise: a teoria das pulsões e a problemática da representação na contemporaneidade. In C.C.E. Mouammar, & E.B.V. Campos (Orgs.) Psicanálise e questões da contemporaneidade (pp.31-46). Curitiba, PR: CRV; São Paulo: Cultura Acadêmica Editora.

Campos, E. B. V. (2014). Limites da Representação na Metapsicologia Freudiana. São Paulo: EDUSP.

Carel, H. (2006). Life and death in Freud and Heidegger. Amsterdam: Rodopi.

Coelho-Junior, N.E. (1991). Introdução: Merleau-Ponty e sua relação com a fenomenologia e a psicanálise. In F. Knobloch (Org.). O inconsciente: várias leituras (pp.123-145).São Paulo: Escuta.

Casanova, M.A. (2008). Da pulsão de morte à finitude dos mortais: Freud e Heidegger em torno da questão da mortalidade. In I. Borges-Duarte (Orgs.) (pp.263-278). A morte e a origem. Em torno de Heidegger e de Freud. Lisboa: Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa.

Dallmayr, F. (1993). Heidegger and Freud. Political Psychology, 14(2), 235-253.

Dastur, F. (1998). Phénoménologie et métapsychologie. In J.C. Beaune (Org.). (pp.273-284). Phénoménologie et psychanalyse: étranges relations. Lion: Editions Champ Vallon.

Dastur, F., & Cabestan, P. (2015). Daseinsanálise: Fenomenologia e Psicanálise. Rio de Janeiro: Via Verita.

Duportail, G.F. (2006). Psychanalyse et phénoménologie: questions et enjeux. Savoirs et clinique, 7(1), 163-174.

Dutra, C.C. (2000). Fenomenologia e (in)consciência: Husserl, Freud e psicoterapia. Rev. Estudos de Psicologia, 17(1), 44-54.

Figueiredo, L.C. (1991). Matrizes do pensamento psicológico. Petrópolis, RJ: Vozes.

Figueiredo, L. C. (1994). Escutar, recordar, dizer: encontros heideggerianos com a clínica psicanalítica. São Paulo: Escuta/Educ.

Figueiredo, L. C. M. (1996a). Heidegger e a psicanálise: encontros. Psicanalise e Universidade, (4), 39-51.

Figueiredo, L.C. (1996b). Maldiney e Fédida: derivações heideggerianas na direção da psicanálise. Cadernos de subjetividade, (4), 95-108.

Figueiredo, L.C. (1999). As províncias da angústia (roteiro de viagem). Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 2(1), 50-63.

Figueiredo, L.C. (2008). Ética e técnica em psicanálise. São Paulo: Escuta, 2008.

Fowler, S. A. (2004). The self-overcoming subject: Freud's challenge to the cartesian ontology. Journal of phenomenological psychology, 35(1), 97-109.

Freud, S. (1996). A interpretação dos sonhos. In S. Freud, Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, trad., Vols. 4 e 5). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1900)

Freud, S. (2010a). Acerca de uma visão de mundo. In S Freud, Obras completas: O mal-estar na civilização; Novas conferências introdutórias à psicanálise e outros textos (P. C. de Souza, trad., Vol.18, pp.321-354). São Paulo, SP: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1933)

Freud, S. (2010b). Além do princípio do prazer. In S Freud, Obras completas: História de uma neurose infantil: (“O homem dos lobos”); Além do princípio do prazer e outros textos (P. C. de Souza, trad., Vol.14, pp.161-239). São Paulo, SP: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1920)

Garcia-Roza, L.A. (2016). Freud e o inconsciente. 2ed. Rio de Janeiro: Zahar. (Trabalho original publicado em 1985)

Goto, T.A. (2008). Introdução à Psicologia Fenomenológica: a nova psicologia de Edmund Husserl. São Paulo: Paulus.

Heidegger, M. (2001). Seminários de Zollikon (G. Arnhold & M. F. A. Prado, Trad.). São Paulo: Educ, Petrópolis, RJ: Vozes. (Trabalho original publicado em 1987)

Heidegger, M. (2012). Ser e Tempo. (Trad. Fausto Castilho). Campinas, SP: Editora Unicamp; Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2012.

Holzhey-Kunz, A. (2018). Daseinsanálise: o olhar filosófico-existencial sobre o sofrimento psíquico e sua terapia. Rio de Janeiro: Via Verita.
Honda, H. (2004). Intencionalidade e sobredeterminação: Merleau-Ponty leitor de Freud. Psicologia em Estudo, 9(3), 417-427.

Husserl, E. (2012). Investigações Lógicas (P. Alves & C. Morujão, Trad., Vol. 2, Parte 1). Rio de Janeiro: Forense Universitária. (Trabalho original publicado em 1900)

Jonckheere, J. (2008). L' “idée” de la Daseinsanálise. In P. Cabestan; F. Dastur (Orgs.). (pp, 87-100). Lectures d'Être et Temps de Martin Heidegger: quatre-vingts ans après. Paris: Le Cercle Herméneutique.

Loparic, Z. (1999a). Heidegger and Winnicott. Natureza humana, 1(1), 103-135.

Loparic, Z. (1999b). É dizível o inconsciente? Natureza humana, 1(2), 323-385.

Loparic, Z. (2001). Além do inconsciente: sobre a desconstrução heideggeriana da psicanálise. Natureza humana, 3(1), 91-140.

Loparic, Z. (2002). Binswanger, leitor de Heidegger: um equívoco produtivo? Natureza humana, 4(2), 383-413.

Loparic, Z. (2007). Origem em Heidegger e Winnicott. Natureza humana, 9(1), 243-273.

Lutereau, L. (2011). Acerca de la verdad: Heidegger y Lacan. Fenomenología y Psicoanálisis. Revista Affectio Societatis, 8(14), 2-19.

Lutereau, L. & Kripper, A. (2012). Lo inconsciente em la fenomenologia y el psicoanálisis: la cuestión de la metapsicología. Revista Universitaria de Psicoanalisis, 12, 217-227.

Matteo, V. (2005). Heidegger e Psicanálise: uma conversa em Sicília. Revista de Filosofia, 17(20), 185-198.

Meyer, A.V. (2009). O discurso de Roma: ponto de inflexão da psicanálise. IDE, 32 (49), 170-176.

Mezan, R. (2007). “Que tipo de ciência é, afinal, a psicanálise?”. Natureza Humana, 9(2), 319-359.

Nancy, J-L., & Lacoue-Labarthe, P. (1991). O título da letra. São Paulo: Escuta.

Owen, I. R. (2006). Psychotherapy and Phenomenology: On Freud, Husserl and Heidegger. New York: iUniverse.

Pearl, J. (2013a). A question of time: Freud in the light of Heidegger's temporality. Amsterdam; New York: Rodopi.

Pearl, J. (2013b). The temporal foundation of the self and the other: a phenomenological reading of narcisism. Pastoral Psychology, 62, 533-544.

Pita, J., & Moreira, V. (2013). As fases do pensamento fenomenológico de Ludwig Binswanger. Psicologia em Estudo, 18(4), 679-687.

Ribeiro, C.V. (2008). Freud se encaixaria no rol dos operários (Handwerker) das ciências naturais? Considerações heideggerianas acerca da psicanálise freudiana. Aprender: Caderno de Filosofia e Psicologia da Educação. (10), 123-158.

Ribeiro, C.V. (2014). Freud e o methodenstreit: um debate a partir dos Seminários de Zollikon. Revista Diálogos Possíveis, 13(2), 97-122.

Richardson, W. J. (2003). Heidegger and Psychoanalysis? Natureza Humana, 5(1), 9-38.

Ricoeur, P. (1965). De l'interprétation: essai sur Freud. Paris: Éditions du Seuil.

Rocha, Z. (2000). Os destinos da angústia na psicanálise freudiana. São Paulo: Escuta.

Rocha, Z. (2004). Freud e a filosofia alemã na segunda metade do século XIX. Síntese, 33(99), 45-64.

Rubio, M. A. S. (2010). Precondiciones existenciarias de la clínica psicoanalítica. Enseñanza e investigación em psicología, 15(1), 217-227.

Santos. E. S. (2005). O conceito de angústia no pensamento pós-metafísico. Revista de Filosofia, 17(20), 45-66.

Santos. E. S. (2010). Winnicott e Heidegger: aproximações e distanciamentos. São Paulo: DWW Editorial: FAPESP.

Santos, I.P.A. (2009). Heidegger e Lacan: a linguagem do ponto de vista ontológico e da prática analítica. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica e Cultura, Universidade de Brasília, Brasília.

Siewert, C. (2012). Consciência. In H. L. Dreyfus, & M. A. Wrathall. (Orgs.). Fenomenologia e Existencialismo (pp.83-93). São Paulo: Edições Loyola.

Simanke, R. T. (2003). A letra e o sentido do “retorno a Freud” de Lacan: a teoria como metáfora. In V. Safatle (Org.). (pp.277-303). Um limite tenso: Lacan entre a filosofia e a psicanálise. São Paulo: Editora Unesp.

Stolorow, R. D. (2006). The relevance of Freud's concept of danger-situation for an intersubjective-systems perspective. Psychoanalytic Psychology, 23(2), 417-419.

Stolorow, R. D. (2007). Trauma and Human Existence: Autobiographical, Psychoanalytic, and Philosophical Reflections. New York: Routledge.

Stolorow, R. D. (2011). World, affectivity, trauma: Heidegger and post-cartesian psychoanalysis. New York: Routledge.

Stolorow, R. D. (2015). A phenomenological-contextual, existencial, and ethical perspective on emotional trauma. Psychoanalytic Review, 102(1), 123-138.

Svenaeus, F. (2000). Das unheimlich – toward a phenomenology of illness. Medicine, Health Care and Philosophy, 3, 3-16.

Warsop, A. (2011). The ill body and das Unheimlich (the uncanny). Journal of medicine and philosophy, 36, 484-495.

Zahavi, D. (2015). A fenomenologia de Husserl (M. A. Casanova, Trad.). 1.ed. Rio de Janeiro: Via Verita.

Downloads

Publicado

2020-07-03 — Atualizado em 2020-07-06

Versões

Como Citar

Garpelli Barbosa, C., Viana Campos, E. B. ., & Bueno Neme, C. M. . (2020). "Daseinsanálise e Psicanálise: caracterização de como se dá esse debate na atualidade". Natureza Humana - Revista Internacional De Filosofia E Psicanálise, 22(1), 30. https://doi.org/10.17648/2175-2834-v22n1-350 (Original work published 3º de julho de 2020)