O futuro da psicanálise: uma busca por evidências?

Autores

  • Marcos Fontoni Psicólogo e neuropsicólogo do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP)

DOI:

https://doi.org/10.59539/1679-432X-v10n2-174

Resumo

Vários países já adotam o modelo da Medicina Baseada em Evidências para definir a forma como seus gastos na área da saúde serão direcionados. Caso um procedimento ou tratamento não tenha sua eficácia comprovada através de métodos experimentais que tenham acompanhado um número suficiente de pacientes, seu uso não é recomendado ou aprovado. Nesse cenário, a psicanálise enfrenta a dificuldade de apresentar seus resultados em grande escala na forma como esse modelo de ciência exige. Neste artigo, tomo como guia as ideias de Winnicott para apresentar as críticas de diversos outros autores sobre esse tema, de forma a discutir sua aplicabilidade. A conclusão é ampla, haja vista que o próprio Winnicott não tem uma posição clara sobre o assunto. Porém, sendo a busca por evidências uma questão que diz respeito à saúde pública, e não somente ao futuro da psicanálise como ciência, devemos nos esforçar no sentido de aperfeiçoar as pesquisas em psicanálise para além da análise individual de pacientes.

Referências

American Psychiatric Association. (2013). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (5a ed.). Washington, DC: APA.

Bastos, L. A. M. (2002). Psicanálise baseada em evidências?. Physis: Revista de Saúde Coletiva, 12(2).

Calazans, R., & Lusoza, R. Z. (2012). Sintoma psíquico e medicina baseada em evidências. Arquivos Brasileiros de Psicologia, 64(1), 18-30.

Dunker, C. I. L., & Kyrillos Neto, F. (2011). A crítica psicanalítica do DSM-IV – breve história do casamento psicopatológico entre psicanálise e psiquiatria. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 14(4), 611-626.

Fontoni, M. R. (2015). A avaliação psicológica de transtornos de personalidade e o uso comparativo dos modelos da sessão II e III do DSM-V: um estudo de caso (Especialização). Fundação para o Desenvolvimento Administrativo, São Paulo, Brasil.

Freud, S. (2010). Introdução ao narcisismo. In S. Freud, Obras completas: introdução ao narcisismo, ensaios de metapsicologia e outros textos. São Paulo: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1914).

Glass, R. M. (2008). Psychodynamic Psychotherapy and Research Evidence: Bambi Survives Godzilla?. American Medical Association, 300(13), 1587-1589.

Kernberg, O. F. (1975). Borderline Conditions and Pathological Narcissism. (J. Aronson, Ed.). Nova York: Jason Aronson.

Kuhn, T. S. (2000). A estrutura das revoluções científicas (3a ed). São Paulo: Perspectiva.

Kupfer, M. C. M., Jerusalinsky, A. N., Bernardino, L. M. F., Wanderley, D., Rocha, P. S. B., Molina, S. E., Sales, L. M.,… Lerner, R. (2009). Valor preditivo de indicadores clínicos de risco para o desenvolvimento infantil: um estudo a partir da teoria psicanalítica. Lat. Am. Journal of Fund. Psychopath. Online, 6 (1), 48-68. Recuperado de http://www.psicopatologiafundamental.org/uploads/files/latin_american/v6_n1/valor _preditivo_de_indicadores_clinicos_de_risco_para_o_desenvolvimento_infantil.pdf

Leichsenring, F., & Rabung, S. (2008). Effectiveness of Long-term Psychodynamic Psychotherapy: A Meta-analysis. Journal of the American Medical Association, 300(13), 1551-1565.

Loparic, Z. (1996). Winnicott: uma psicanálise não-edipiana. Percurso, 9(17), 41-47.

Loparic, Z. (2001). Esboço do paradigma winnicottiano. Cadernos de História e Filosofia da Ciência, 11(2), 7-58. Recuperado de http://www.cle.unicamp.br/cadernos/pdf/Zeljko Loparic.pdf

Loparic, Z. (2008). O paradigma winnicottiano e o futuro da psicanálise, Revista Brasileira de Psicanálise, 42(1), 137-150.

Mezan, R. (2007). Que tipo de ciência é, afinal, a Psicanálise?. Natureza Humana, 9(92), 319-359.

Parloff, M. (1982). Psychoterapy Research Evidence and Reimbursement Decisions: Bambi Meets Godzila. American Journal of Psychiatry, 139(6), 718-727.

Pereira, M. E. C. (2009). Pathos, violence and power: the ethical implications of Fundamental Psychopathology. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 12(2).

Pheula, G. F., & Isolan, L. R. (2006). Psicoterapia baseada em evidências em crianças e adolescentes. Canadian Journal Of Psychiatry. Revue Canadienne De Psychiatrie, 34(2), 74-83. Recuperado de http://doi.org/10.1176/appi.ps.57.3.422-a

Winnicott, D. W. (1945). Observation, Intuition and Empathy. In D. Winnicott, Thinking About Children (pp. 16-21). London: Karnac. (Original work published 1996a).

Winnicott, D. W. (1963). Os doentes mentais na prática clínica. In D. Winnicott, O ambiente e os processos de maturação: estudos sobre a teoria do desenvolvimento emocional (pp. 196-206). Porto Alegre: Artmed. (Trabalho original publicado em 1965b).

Winnicott, D. W. (1964). Roots of agression. In D. Winnicott, The Child, the Family and the Outside World (pp. 232-239). London: Penguin. (Original work published 1964a).

Winnicott, D. W. (1990). Psychoanalysis and Science: Friends or Relations? In D. Winnicott, Home is Where We Start From (pp. 13-20). London: Penguin. (Original work published 1986b).

Winnicott, D. W. (1990). The Price of Disregarding Psychoanalytic Research. In D. Winnicott, Home is Where We Start From (pp. 172-82). London: Penguin. (Original work published 1986b).

Winnicott, D. W. (1996). Yes, but how do we know it’s true? In D. Winnicott, Thinking About Children (pp. 13-18). London: Karnac. (Original work published 1996a).

Downloads

Publicado

2016-12-23

Edição

Seção

Artigos