Ontotecnologias do corpo e biopolítica na era da pós-humanidade e da pós-emancipação

Autores

  • António Fernando Cascais ICNOVA _ Instituto de Comunicação da Univers idade Nova de Lisboa

DOI:

https://doi.org/10.59539/2175-2834-v26n1-650

Resumo

Fundamental para entendermos o horizonte generalizadamente “antropofágico” das relações interindividuais, de consumo indiscriminado de tudo e todos por todos, a ideia de “uso dos corpos” mostra ser crucial para a regulação humanista contra o abuso, a instrumentalização e a exploração. Por sua vez, o adquirido da tecnicidade originária, enquanto condição técnica do próprio anthropos, significa que nem corpo, nem linguagem escapam à disponibilidade de todas as coisas na direção indicada pela técnica. Surgindo doravante como grelha de inteligibilidade do mundo e do próprio homem, ela abre a uma teoria crítica pós-humanista da conceção instrumental, protésica da serviçalidade essencial da técnica, ao mesmo tempo que põe em causa que corpo, pertença a um género, desejo ou sexualidade possam ser o locus de resistência às relações de poder-saber tecnicamente mediadas. A animanidade sobre a qual estas operam na era da biopolítica engloba a totalidade sem resto da matéria-prima corpórea a todos os seus níveis, vegetativo, animal, de relação, e projeta-se nas políticas chamadas pós-emancipatórias em que o que está em causa não é já a definição e o exercício de direitos, liberdades e garantias da política iluminista clássica, mas a persecução experimental de modos de vida, de que é exemplo a contrasexualidade tecnoperformativa. A experimental life tecnofílica que funciona no plano da liberdade morfológica, tem, nno entanto, implicações políticas decisivas.  

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Publicado

2024-10-22

Como Citar

Cascais, A. F. (2024). Ontotecnologias do corpo e biopolítica na era da pós-humanidade e da pós-emancipação. Natureza Humana - Revista Internacional De Filosofia E Psicanálise, 26(1), 125–159. https://doi.org/10.59539/2175-2834-v26n1-650

Edição

Seção

Dossiê