Que tipo de ciência é, afinal, a Psicanálise?

Autores

  • Renato Mezan

Resumo

Para Freud, a disciplina que criou fazia indiscutivelmente parte das ciências da Natureza, e de modo algum daquelas “do espírito”, como então se chamavam na Alemanha as atuais ciências humanas. Para nós, contemporâneos, tal asserção parece muito estranha: que objeto poderia ser mais humano do que o espírito humano, tema da Psicanálise? Este artigo retoma esse problema pelo ângulo da partição entre os dois tipos de ciência que vigoravam no tempo e no ambiente cultural de Freud, no interior da qual faz sentido a sua enfática afirmação. Mostra que já não dividimos o campo do saber da mesma maneira que então, o que torna possível alojar a Psicanálise ao lado de disciplinas como a História, a Etnologia e outras do mesmo gênero, portanto, no campo das ciências (para nós) humanas. A parte final do texto explora alguns intrigantes paralelismos epistemológicos entre as noções de “seleção natural” e “inconsciente”, e as estratégias retóricas de que Darwin e Freud - este, aparentemente sem se dar conta de que estava imitando seu grande predecessor - se utilizam para criar no leitor a convicção de que são indispensáveis para estruturar o campo das respectivas disciplinas. Palavras-chave: Epistemologia, Epistemologia da Psicanálise, Ciências da natureza, Ciências humanas, Inconsciente, Seleção natural.

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Publicado

2024-10-02

Como Citar

Mezan, R. (2024). Que tipo de ciência é, afinal, a Psicanálise?. Natureza Humana - Revista Internacional De Filosofia E Psicanálise, 9(2), 319–359. Recuperado de http://revistas.dwwe.com.br:80/index.php/NH/article/view/918

Edição

Seção

Artigos