O entrelaçamento da liberdade e do cuidado: a antipsiquiatria em busca de uma justiça social

Autores

DOI:

https://doi.org/10.59539/2175-2834-v27n1-1093

Palavras-chave:

Psiquiatria clássica; antipsiquiatria; justiça social; loucura.

Resumo

Este trabalho explora a crítica radical à psiquiatria tradicional sob a perspectiva da antipsiquiatria, evidenciando como essa prática, frequentemente percebida como tratamento de doenças mentais, pode ser vista como um instrumento de injustiça social. A psiquiatria, historicamente, contribuiu para a exclusão e marginalização de indivíduos considerados "anormais", fazendo valer normas sociais e perpetuando o controle sobre aqueles que não se ajustam às expectativas econômicas e sociais do sistema capitalista. Em interlocução com Michel Foucault, Ronald D. Laing, David Cooper, e Jean-Paul Sartre, este texto argumenta que a psiquiatria funciona como um mecanismo de silenciamento e normalização, desumanizando os pacientes ao reduzi-los a meros sintomas de uma doença mental e negando-lhes a subjetividade e dignidade. Em contrapartida, a antipsiquiatria surge em resposta ao manejo da loucura, propondo uma justiça social capaz de reconhecer o valor e a significância das experiências dos nomeados loucos. Desafiando as normas sociais e os estigmas impostos pela psiquiatria hegemônica, a antipsiquiatria promove uma inclusão mais ampla e uma compreensão mais profunda da condição humana. A abordagem politizada da saúde mental, que enfatiza a solidariedade, a camaradagem e a empatia, vão além de uma perspectiva curativa individual e sim, tocam numa transformação social, rompendo com as relações de poder que perpetuam a opressão e alienação no tratamento psiquiátrico tradicional.

Biografia do Autor

Thaís de Sá Oliveira, Universidade da Beira Interior (UBI – Portugal)

Psicóloga Clínica. Doutoranda em Filosofia pela Universidade da Beira Interior (UBI – Portugal) com mestrado em Reabilitação Psicossocial em Saúde Mental pela Universidad Autónoma de Barcelona (UAB – Espanha) e especialização em Psicologia Clínica Fenomenológico-Existencial pelo Instituto de Psicologia Fenomenológico Existencial do Rio de Janeiro (IFEN – Brasil). Pesquisadora do PRAXIS – Centro de Filosofia, Política e Cultura (UBI). Diretora do Instituto Exsistentialis. Coordenadora e docente na Especialização em Psicologia Clínica Existencialista Sartriana e na Especialização em Psicologia em Saúde e Psicopatologia Fenomenológica do Núcleo de Clínica Ampliada Fenomenológica Existencial (NUCAFE – Brasil). Membro da Associação Latino-Americana de Psicologia Existencial (ALPE) e da World Confederation for Existential Therapy (WCET). Autora do livro A ontologia fenomenológica e a literatura: Reflexões a partir de Dois Modos de Expressão em Jean-Paul Sartre e de diversos artigos acadêmicos e capítulos de livros sobre psicologia clínica fenomenológico-existencial e sobre o pensamento de Jean-Paul Sartre.

Downloads

Publicado

2025-08-18

Como Citar

Oliveira, T. de S. (2025). O entrelaçamento da liberdade e do cuidado: a antipsiquiatria em busca de uma justiça social. Natureza Humana - Revista Internacional De Filosofia E Psicanálise, 27(1), 50–70. https://doi.org/10.59539/2175-2834-v27n1-1093

Edição

Seção

Dossiê V Colóquio Luso-Brasileiro de Ética e Filosofia Política – Caminhos da Justiça: Diálogos Contemporâneos