Natureza Humana - Revista Internacional de Filosofia e Psicanálise
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<p>A Revista Natureza Humana (Qualis A3) publica trabalhos relacionados à fundamentação das teorias e das práticas psicoterápicas. As obras de Martin Heidegger e Donald W. Winnicott são tomadas como pontos de referência centrais, mas não exclusivos.</p> <p>A escolha desses dois autores repousa em razões sólidas. O primeiro é considerado, há tempo, um dos maiores filósofos do século, e o segundo vem recebendo crescente reconhecimento como o mais original psicanalista desde Freud. Além disso, ambos os autores lançaram pontes entre a filosofia e a psicoterapia. Heidegger dedicou – como se vê nos famosos Seminários de Zollikon – um esforço extraordinário à discussão da psicanálise freudiana e à tentativa de elaborar um projeto filosófico de patologia e terapia, sem perder de vista as descobertas científicas da psicanálise. Um dos nossos objetivos será resgatar esse projeto daseinsanalítico, ainda muito pouco conhecido, na tentativa de decidir, por meio de trabalhos ao mesmo tempo teóricos e clínicos, se ele tem o poder de constituir parte de uma nova tradição de pesquisa científica na psicoterapia e na medicina em geral, conforme foi antecipado e desejado por Heidegger.</p> <p>Por outro lado, trata-se de acompanhar Winnicott na sua tentativa de iniciar, apoiado em sua extensa experiência clínica, uma nova tradição de pesquisa e de clínica dentro da psicanálise. É à filosofia que Winnicott deve, como reconheceu em várias oportunidades, a coragem de proceder, passo a passo, na direção de uma melhor compreensão da natureza humana, livre de laços de lealdade pessoal com os fundadores da psicanálise tradicional. Resultou desse processo uma psicanálise renovada, centrada no problema de crescimento pessoal e não mais no de Édipo, e livre da herança metafísica das forças pulsionais que tanto pesa sobre a metapsicologia de Freud.</p> <p>ISSN 2175-2834 [Qualis CAPES A3]</p>DWWeditorialpt-BRNatureza Humana - Revista Internacional de Filosofia e Psicanálise1517-2430Da governamentalização do corpo ao higienismo psíquico: uma arqueogenealogia de saberes especializados sobre a infância na Inglaterra (C. P Blacker e John Bowlby) entre 1946-1951
https://revistas.dwwe.com.br:443/index.php/NH/article/view/651
<p>O presente artigo versa sobre a história e filosofia de saberes especializados (eugenistas e psicanalíticos) sobre a infância após a Segunda Guerra na Inglaterra. Empreendeu-se um estudo conceitual (arqueogenealógico) de duas fontes primárias: o texto sobre as “famílias problema” do psiquiatra eugenista Carlos Blacker (1946) e o relatório encomendado pela OMS para o também psiquiatra (e psicanalista) John Bowlby (1951). O objetivo foi investigar as proposições de estudiosos do campo da infância sobre a transformação e massificação dos discursos relativos à infância em direção a uma psicologização durante esse período. Para tal, realizamos uma análise dos conceitos empregados por estes dois autores ao tratar da infância, mais particularmente do que é considerado cuidado inadequado, assim como da afiliação disciplinar destes. Em Blacker, a infância problema é conceitualmente definida como emergindo em contexto de falta moral, má hereditariedade e negligência de cuidados físicos. Em Bowlby, notamos aspectos qualitativos do cuidado como sensitividade e amor materno e os fatores de ordem econômica, social e hereditária são quase completamente obnubilados quando comparado à importância do desenvolvimento psíquico.</p>Kaira Neder
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2025-05-072025-05-0727113010.59539/2175-2834-v27n1-651Um diálogo Nietzsche Freud: aportes para o campo psicanalítico
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<p>A hipótese central deste trabalho é que trazer mais de Nietzsche para o campo psicanalítico pode ter consequências importantes não apenas no nível teórico, mas também no clínico. Seu objetivo principal é explorar o confronto e a articulação de elementos-chave das obras de Nietzsche e de Freud, analisando suas interseções, diferenças e complementaridades, buscando trazer possíveis contribuições para a teoria e a clínica psicanalíticas. Nessa perspectiva, se explora o confronto de suas construções teóricas sobre o inconsciente, aparelho psíquico, sujeito, pulsão, cultura, religião e moral, que parecem pontos de articulação importantes e promissores para tentar extrair lições e contribuições para a teoria e a clínica psicanalíticas. A intenção não é questionar a validade dos construtos teóricos e achados clínicos freudianos, mas desenvolver uma perspectiva mais ampla deles, sempre que possível.</p>Glauter Rocha
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2025-05-072025-05-07271315110.59539/2175-2834-v27n1-644A frágil identidade da senhora Vogler: notas winnicottianas a propósito do filme Persona, de Ingmar Bergman
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<p>Neste escrito, ofereço ao leitor um breve estudo da personagem Elisabeth Vogler, do filme <em>Persona</em>, de Ingmar Bergman. Com base na teoria winnicottiana acerca do falso self patológico, cindido do self verdadeiro, realizo uma leitura do que denomino o “monólogo da médica”, em que Bergman retrata, com bastante precisão, o estado psíquico da senhora Vogler. Assinalo, em tal leitura, a semelhança que parece existir entre, por um lado, a abordagem artística do cineasta sueco, e, por outro, a abordagem clínica e científica do psicanalista inglês, no que se refere aos mesmos aspectos da natureza humana.</p>Ricardo Telles de Deus
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2025-05-072025-05-07271526010.59539/2175-2834-v27n1-1085