Dinossauros, pirâmides e sintomas: similaridades de objeto e método entre a psicanálise clínica e as ciências históricas
DOI:
https://doi.org/10.59539/2175-2834-v25n1-578Palabras clave:
psicanálise clínica; ciências históricas; inferência à melhor explicação; bayesianismo; Adolf Grünbaum.Resumen
Desde o surgimento da psicanálise, filósofos identificaram problemas nas pretensões epistemológicas de seu método clínico ou ao menos na disposição das comunidades psicanalíticas para superar as fragilidades epistemológicas de tal método. Dessa forma, muitos ainda investigam até que ponto e por que razões os dados produzidos pelo método clínico-psicanalítico seriam capazes de sustentar de forma sólida ou cogente hipóteses sobre o comportamento de indivíduos e classes de indivíduos, bem como sobre algumas operações da mente humana em geral. Um dos caminhos para se elaborar a lógica vigente e potencial presente tanto na geração quanto na justificação de hipóteses em determinada ciência é através da comparação desta a ciências que lhe sejam aparentadas. A psicanálise clínica tem sido exaustivamente comparada às ciências históricas desde Freud, decerto porque ambos os campos lidam com objetos inconstantes e porque ambos fazem inferências causais de forma retrospectiva. Algumas implicações dessa comparação, no entanto, ainda restam a ser devidamente exploradas. Neste artigo, mostramos inicialmente como essa comparação é duradoura e rica na história da psicanálise. Em segundo lugar, caracterizamos o modelo abdutivo, ou explicacionista, que a epistemóloga Carol Cleland propôs para esclarecer os poderes e limites do método de inferência causal de historiadores do mundo natural e discutimos como tal modelo esclareceria também o método de inferência causal dos psicanalistas clínicos. Apresentamos, por fim, argumentos de outro epistemólogo, Aviezer Tucker, segundo o qual um Explicacionismo rigoroso nas ciências históricas seria também um Bayesianismo, e indicamos que a fundamentação da psicanálise clínica através de um Explicacionismo bayesiano é promissora. Concluímos que discussões como esta fornecem vigorosas réplicas a críticas positivistas ao método psicanalítico, como a de Adolf Grünbaum, como também afastam a comunidade psicanalítica de uma retórica improdutiva, a saber, a que retrata aquele método como radicalmente singular em relação a todos os outros métodos científicos.Descargas
Publicado
2023-05-24 — Actualizado el 2025-04-13
Cómo citar
Tannous, H. (2025). Dinossauros, pirâmides e sintomas: similaridades de objeto e método entre a psicanálise clínica e as ciências históricas: . Natureza Humana - Revista Internacional De Filosofia E Psicanálise, 25(1), 29–57. https://doi.org/10.59539/2175-2834-v25n1-578
Número
Sección
Dossiê Estudos de História e Filosofia da Psicologia e da Psicanálise