“O homem da areia” e outras histórias: uma leitura das dinâmicas familiares a partir das ideias de Winnicott ou o mundo tomado em pequenas doses

Autores

  • Maria do Rosário Belo Associação Portuguesa de Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica (AP)

DOI:

https://doi.org/10.59539/1679-432X-v7n2-1224

Palavras-chave:

dependência absoluta; ambiente subjectivo; mãe suficientemente boa; realidade diversa; família; pai.

Resumo

Partindo dos pressupostos winnicottianos de “dependência absoluta”, “ambiente subjectivo” e “mãe suficientemente boa”, a autora propõe a possibilidade da participação da família – com especial relevo para o pai – na “vida subjectiva” do bebé. No presente texto, as designações “vida subjectiva”, “ambiente subjectivo”, “mundo subjectivo”, “realidade subjectiva” têm todas o mesmo significado. Respeitando, portanto, os princípios winnicottianos presentes na “teoria do amadurecimento”, a autora propõe que os “elementos” que possibilitam os posteriores processos de separação, diferenciação e acesso à “realidade objectiva” (“compartilhada”) estão presentes desde o início (desde a fase de “dependência absoluta”) na vida do bebé. Após estas considerações, propõe a falha destes “elementos primários” (considerados facilitadores dos futuros processos de “separação”, “diferenciação” e acesso à “realidade compartilhada”) como favorecedora da constituição de núcleos psicóticos (“confusionais”) da personalidade. O levantamento destas hipóteses é ilustrado com conhecido conto de Hoffmann (2005) “O homem da areia” e tem por base a clínica psicanalítica da autora.

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Publicado

2012-10-02

Edição

Seção

Artigos