Freud além de Freud: uma leitura feminista decolonial de O mal-estar na civilização

Autores

DOI:

https://doi.org/10.59539/2175-2834-v22n2-451

Palavras-chave:

mal-estar; civilização; ameaças; feminismo decolonial.

Resumo

Trata-se de examinar o ensaio O mal-estar na civilização de Freud (1930) a partir de leituras feministas decoloniais, especialmente da obra Um feminismo decolonial de Françoise Vergès (2020). Freud diz que há três ameaças feitas à civilização. Uma delas viria de cristãos que desnutriram a vida terrena com suas crenças na vida do além; outra teria sido feita por mulheres sedentas de sexo e de afetos familiares, dois aspectos que disputariam investimento libidinal com a cultura e o âmbito público da vida, espaços exclusivos de homens, únicos verdadeiramente capazes de sublimação; a última seria oriunda de cidadãos europeus simpatizantes dos povos colonizados. Não se trata aqui de julgar Freud anacronicamente por suas posições e elaborações teóricas pautadas em visões alinhadas aos processos de colonização e à misoginia. Apontar esses embaraçosos pontos é interessante hoje apenas na medida em que re-situa a psicanálise contemporânea e a coloca em alerta sobre esses lugares um tanto quanto retrógrados em termos civilizatórios. De qualquer maneira, o Moisés de Freud ainda é um texto freudiano que pode fazer frente aos tropeços do velho pai da psicanálise.

Downloads

Publicado

2020-12-31 — Atualizado em 2025-05-27

Como Citar

Martins, A. A. (2025). Freud além de Freud: uma leitura feminista decolonial de O mal-estar na civilização. Natureza Humana - Revista Internacional De Filosofia E Psicanálise, 22(2), 44–91. https://doi.org/10.59539/2175-2834-v22n2-451