Natureza Humana - Revista Internacional de Filosofia e Psicanálise
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<p>A Revista Natureza Humana (Qualis A3) publica trabalhos relacionados à fundamentação das teorias e das práticas psicoterápicas. As obras de Martin Heidegger e Donald W. Winnicott são tomadas como pontos de referência centrais, mas não exclusivos.</p> <p>A escolha desses dois autores repousa em razões sólidas. O primeiro é considerado, há tempo, um dos maiores filósofos do século, e o segundo vem recebendo crescente reconhecimento como o mais original psicanalista desde Freud. Além disso, ambos os autores lançaram pontes entre a filosofia e a psicoterapia. Heidegger dedicou – como se vê nos famosos Seminários de Zollikon – um esforço extraordinário à discussão da psicanálise freudiana e à tentativa de elaborar um projeto filosófico de patologia e terapia, sem perder de vista as descobertas científicas da psicanálise. Um dos nossos objetivos será resgatar esse projeto daseinsanalítico, ainda muito pouco conhecido, na tentativa de decidir, por meio de trabalhos ao mesmo tempo teóricos e clínicos, se ele tem o poder de constituir parte de uma nova tradição de pesquisa científica na psicoterapia e na medicina em geral, conforme foi antecipado e desejado por Heidegger.</p> <p>Por outro lado, trata-se de acompanhar Winnicott na sua tentativa de iniciar, apoiado em sua extensa experiência clínica, uma nova tradição de pesquisa e de clínica dentro da psicanálise. É à filosofia que Winnicott deve, como reconheceu em várias oportunidades, a coragem de proceder, passo a passo, na direção de uma melhor compreensão da natureza humana, livre de laços de lealdade pessoal com os fundadores da psicanálise tradicional. Resultou desse processo uma psicanálise renovada, centrada no problema de crescimento pessoal e não mais no de Édipo, e livre da herança metafísica das forças pulsionais que tanto pesa sobre a metapsicologia de Freud.</p> <p>ISSN 2175-2834 [Qualis CAPES A3]</p>DWWeditorialpt-BRNatureza Humana - Revista Internacional de Filosofia e Psicanálise1517-2430Contribuição à história da recepção filosófica da psicanálise: Tradução e notas da conferência de Carl Müller Braunschweig sobre as relações entre filosofia e psicanálise
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<p><span style="font-weight: 400;">Este artigo apresenta a tradução comentada da conferência de Carl Müller-Braunschweig (1881-1958) sobre as relações entre psicanálise e filosofia, proferida no V Congresso Internacional de Filosofia em Nápoles (1924). O trabalho contextualiza a obra e a trajetória do autor, discute os principais argumentos da conferência e destaca sua contribuição pioneira para a recepção filosófica da psicanálise. Temas como o determinismo psicanalítico, o problema da liberdade e a possibilidade de uma investigação psicanalítica do pensamento filosófico são abordados. </span></p>Caio PadovanLucas ValiatiRomano Scroccaro Zattoni
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2025-09-182025-09-1827especial140141910.59539/2175-2834-v27nespecial1-1133A condição humana entre a angústia, o desespero e a crise do existir: a teleologia como sistema de defesa frente à miséria humana
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<p><span style="font-weight: 400;">Pretende-se, neste artigo, estabelecer um diálogo entre psicanálise e filosofia acerca da questão do desamparo. Nossa principal tese defendida neste trabalho se concentra em apontar a teleologia como um dos maiores mecanismos de defesa da humanidade frente a suas misérias existenciais. Nesta empreitada foram utilizados textos de Freud que buscam refletir demandas sociais, política e antropológicas que acabam remetendo a tema do desamparo, são estes </span><em><span style="font-weight: 400;">O Futuro de uma ilusão (1927); Psicologia das massas e analise do eu (1921); </span></em><span style="font-weight: 400;">assim como,</span><em><span style="font-weight: 400;"> Totem e Tabu (1913), </span></em><span style="font-weight: 400;">foram cruciais nesta empreitada para desenvolvimento deste artigo. E no que toca a filosofia, trouxemos para o desenvolvimento da discussão, os filósofos alemães Ludwig Feuerbach tecendo sua crítica visceral à religião e Friedrich Nietzsche com a crítica ao niilismo. </span></p>João Victor Ponciano
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2025-09-182025-09-1827especial111210.59539/2175-2834-v27nespecial1-1109Além do princípio de Nirvana: as contribuições psicanalíticas de Barbara Low (1874-1955)
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<p><span style="font-weight: 400;">A psicanalista britânica Barbara Low desempenhou um papel de protagonista nas primeiras décadas do desenvolvimento da psicanálise na Grã-Bretanha, escrevendo, palestrando, resenhando e participando ativamente da </span><em><span style="font-weight: 400;">British Psychoanalytical Society</span></em><span style="font-weight: 400;">. No entanto, ela é hoje quase exclusivamente lembrada como a autora do conceito do princípio do Nirvana, adotado por Freud em </span><em><span style="font-weight: 400;">Além do princípio de prazer</span></em><span style="font-weight: 400;"> e outras obras – uma circunstância que contribuiu para que todas as suas outras realizações permanecessem pouco conhecidas. O objetivo aqui é lançar alguma luz sobre a vida e a carreira de Low e apresentar os principais aspectos da sua participação institucional e dos seus interesses teóricos e práticos como psicanalista. Argumenta-se que sua associação com o princípio do Nirvana é típica da perspectiva centrada em Freud ainda predominante na historiografia da psicanálise e que pontos de vista e metodologias alternativos e mais abrangentes precisam ser desenvolvidos neste campo de pesquisa.</span></p>Richard Theisen Simanke
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2025-09-182025-09-1827especial1134710.59539/2175-2834-v27nespecial1-1110O trauma para além do trauma na perspectiva de Henry Krystal
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<p><span style="font-weight: 400;">Após o término da segunda guerra mundial, a atenção da psicanálise se concentrou, sobretudo, na exploração da “mente nazi”, ou seja, dos traços psicológicos dos criminosos de guerra e dos seus colaboradores. Apenas na década de 1960, a atenção de alguns psicanalistas se deslocou dos agressores para as vítimas da perseguição nazista. A tentativa de compreender os traumas vividos e suas sequelas, no entanto, revelou a insuficiência das concepções psicanalíticas de trauma e colocou a necessidade de repensá-las. Um dos psicanalistas que se voltou para esse fenômenos foi Henry Krystal. Esse autor repensou o conceito psicanalítico de trauma e propôs o conceito de “trauma catastrófico” para caracterizar o que considerou ser o fenômeno completo do trauma. O objetivo desse artigo é analisar a concepção de trauma de Krystal e discutir de que maneira ela aprofunda a compreensão freudiana do fenômeno traumático.</span></p>Fátima Caropreso
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2025-09-182025-09-1827especial1486210.59539/2175-2834-v27nespecial1-1111A Psicanálise dentro dos dois eixos da filosofia de Bachelard: entre a epistemologia científica e a imaginação poética
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<p><span style="font-weight: 400;">Este trabalho busca reunir aspectos das duas vertentes das obras Bachelardianas tendo como ponto de encontro a influência que a psicanálise exerceu sobre sua filosofia. Inicialmente apresentamos um pouco do contexto das obras que compõem o período </span><em><span style="font-weight: 400;">diurno</span></em><span style="font-weight: 400;">, vinculada às questões do pensamento racional e epistemológico e em seguida apresentamos o início do período </span><em><span style="font-weight: 400;">noturno</span></em><span style="font-weight: 400;">, onde o autor elabora suas reflexões sobre a imaginação poética e o devaneio. Destacamos que no ano de 1938 houve um acontecimento único dentro de suas filosofia, no qual o autor publicou duas obras neste mesmo ano, cada uma vinculada a uma de suas vertentes, sendo elas </span><em><span style="font-weight: 400;">A Formação do Espírito Científico </span></em><span style="font-weight: 400;">voltada para o debate sobre o conhecimento objetivo e </span><em><span style="font-weight: 400;">A Psicanálise do Fogo </span></em><span style="font-weight: 400;">que é a obra de inauguração e nascimento das suas reflexões e interesse em investigar sobre as imagens poéticas, os movimentos imaginários e o devaneio. Tendo em vista que este é o único ano em que o autor realiza duas publicações concomitantes, uma em cada eixo de seus pensamento, procuramos evidenciar neste artigo que a presença da psicanálise além de aparecer de modo singular dentro deste recorte, ainda pode ser investigada como uma chave conceitual que conecta os dois registros do pensamento do autor, bem como ela pode servir como ferramenta crítica para as imagens dentro da vertente diurna epistemológica, como ela também pode servir como um portal de acesso para a investigação profunda das imagens em sentido literário, poético, imaginário e estético. </span></p>Eder Soares SantosPedro Olivieri Fonseca
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2025-09-182025-09-1827especial1637310.59539/2175-2834-v27nespecial1-1112Se assim for, não vale o amor: a análise de Freud sobre as injunções da “moral civilizada” na sexualidade
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<p><span style="font-weight: 400;">Neste artigo, apresentamos uma revisão teórica acerca das reflexões de Sigmund Freud sobre os impactos da moral civilizada no desenvolvimento da sexualidade, assunto que reaparece frequentemente no curso de suas investigações psicanalíticas. Propomos que o tema seja observado junto à questão de como preservar alguma experiência possível de amor na sociedade moderna, em se considerando o vilipêndio das condições impostas pela moral sexual. Para essa finalidade, sublinhamos a dupla referência que compõe a noção de perversão e seu uso como dispositivo de crítica social pertinaz, matéria-prima de uma interpelação ética e dedicada.</span></p>Claudia Pereira do Carmo MurtaJacir Silvio Sanson Junior
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2025-09-182025-09-1827especial1749010.59539/2175-2834-v27nespecial1-1113A interface mente-corpo e a dor física nos primórdios da teoria freudiana das neuroses
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<p><span style="font-weight: 400;">Este artigo apresenta e discute um conjunto de formulações teórico-clínicas de Freud sobre as neuroses atuais e sobre a melancolia. Estabeleceu-se um recorte de textos freudianos (de 1893 a 1898) para investigar as noções de tensão sexual somática, anestesia sexual, libido e angústia no começo da teoria das neuroses. O objetivo é extrair reflexões sobre os processos de dor física nessa etapa do pensamento freudiano. Como resultados, encontramos mecanismos comuns à dor física, à melancolia e à neurastenia. Trata-se de uma dinâmica afetiva caracterizada por inibição psíquica, retraimento da libido e empobrecimento nos processos pulsionais. A propensão à dor física vincula-se ao abandono de excitações ligadas a grupos de representações psíquicas, com consequente perda de significados para o sujeito. A escuta psicanalítica dos sofrimentos corporais deve estar atenta ao desafio de recriar meios para uma reapropriação subjetiva de experiências corporais próprias. </span></p>Josiane Cristina BocchiRodrigo Sanches Peres
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2025-09-182025-09-1827especial19110610.59539/2175-2834-v27nespecial1-1114Entre “casos” e tipologias
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<p><span style="font-weight: 400;">Proponho acompanhar determinados ângulos da problemática das tipologias e o uso diferencial dos “casos” em Nietzsche e Foucault, como parte de uma reflexão mais ampla sobre o problema da criação tipológica pensada como uma transversal na “história da filosofia”. A partir de um diagnóstico do presente em que a construção de </span><em><span style="font-weight: 400;">perfis</span></em><span style="font-weight: 400;"> aparece na sua dimensão de previsão e condução de condutas, recorro a estudos de “casos” de caracterização psicológica realizados pelos referidos filósofos, localizando-os em conexão com seu operar entre “tipologias”. Finalmente, como uma forma de distinguir entre mapeamentos diferenciais, esboço uma distinção entre tipologias socialmente aceitas e a invenção de novas formas tipológicas a serem atingidas denominando as últimas de tipologias/alvo.</span></p>Yolanda Gloria Gamboa Muñoz
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2025-09-182025-09-1827especial110711910.59539/2175-2834-v27nespecial1-1115O Inconsciente poiético, início da psicanálise
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<p><span style="font-weight: 400;">Este trabalho consiste em uma introdução ao Inconsciente poiético. Considerando as diversas manifestações do Inconsciente, o trabalho investiga as manifestações as mais originárias, em rigor, poiéticas, criativas ou produtivas do Inconsciente mesmo. De início, o trabalho apresenta algumas interlocuções com autores como Lou-Andreas Salomé, Victor Tausk, Lionel Naccache e Michel Tournier entre outros. Ato contínuo, o trabalho discute alguns problemas relativos aos elementos constitutivos do processo de formação do Inconsciente poiético em geral e seus mecanismos de funcionamento em especial. A guisa de conclusão, o trabalho considera o modo de ser de tais mecanismos, respectivamente, segundo a constatação de uma existência malograda ou conforme a afirmação de uma existência bem lograda.</span></p>Manuel Moreira da Silva
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2025-09-182025-09-1827especial112015510.59539/2175-2834-v27nespecial1-1116Os labirintos do suicídio: contrapontos entre Freud e Winnicott
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<p><span style="font-weight: 400;">O presente ensaio explora as contribuições de Freud e Winnicott para a compreensão do comportamento suicida. A partir de conceitos como pulsões de vida e de morte, a influência do ambiente e o papel do falso self, busca-se compreender a autodestrutividade no comportamento humano, destacando que Freud enfatiza os conflitos intrapsíquicos, enquanto Winnicott desloca o foco para a desconexão psicossomática e a influência das falhas ambientais no desenvolvimento emocional. Com base em abordagens históricas, filosóficas e psicanalíticas, o texto fomenta reflexões voltadas à compreensão do desejo de morrer como uma manifestação de angústia existencial profundamente enraizada.</span></p>Samantha Dubugras SáAlfredo Naffah Neto
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2025-09-182025-09-1827especial115617510.59539/2175-2834-v27nespecial1-1117Um movimento daqui
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<p><span style="font-weight: 400;">Precisa-se efetivamente de uma identidade nacional? Não nos seria possível superar o próprio conceito de identidade? Tendo como ponto de partida reflexões de Oswaldo Giacoia Junior acerca de certos aspectos da filosofia nietzscheana e de sua assimilação pelo Movimento Antropofágico brasileiro de 1928 – e tomando como estudo de caso algumas críticas dirigidas à música popular brasileira –, este artigo se esforça por demonstrar a insuficiência de quaisquer operadores baseados em delimitações circunscritivas (tais como “identidade”), a necessidade de desenvolver-nos para além deles, bem como esboços para um movimento cultural que se desdobre de uma maneira radicalmente informada disso, e para o qual não haja separação entre lá e cá </span><em><span style="font-weight: 400;">de facto.</span></em></p>Hugo Vedovato
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2025-10-032025-10-0327especial117619710.59539/2175-2834-v27nespecial1-1118A psicologia profunda e o desmantelamento da consciência: entre a filosofia nietzscheana e a psicanálise de Freud
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<p><span style="font-weight: 400;">O artigo investiga o entrelaçamento conceitual entre a filosofia de Friedrich Nietzsche e a metapsicologia freudiana, com ênfase na noção de psicologia profunda [</span><em><span style="font-weight: 400;">tiefenpsychologie</span></em><span style="font-weight: 400;">]. A partir da análise das obras de ambos os autores, argumenta-se que, apesar das reservas declaradas por Freud em relação à filosofia, há ressonâncias significativas entre seus pensamentos. O trabalho destaca como Nietzsche, ao desconstruir a ideia de um Eu unificado e criticar os fundamentos metafísicos da consciência, antecipa formulações cruciais da teoria psicanalítica, particularmente no que diz respeito à constituição do aparelho psíquico e aos mecanismos de repressão e esquecimento. Ao comparar a genealogia nietzschiana com os conceitos freudianos de inconsciente, sintoma e resistência, o artigo propõe uma aproximação crítica entre filosofia e psicanálise, ressaltando a relevância da psicopatologia como via privilegiada para a compreensão da subjetividade. Por fim, o texto defende que a filosofia nietzschiana opera como uma antecipação teórica da psicanálise crítica, oferecendo contribuições relevantes para a reformulação dos conceitos de saúde, doença e normalidade à luz de uma abordagem não normativa da existência humana.</span></p>Isadora Petry
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2025-09-182025-09-1827especial119820910.59539/2175-2834-v27nespecial1-1119Esquecimentos tendenciosos em Nietzsche e Freud
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<p><span style="font-weight: 400;">A partir de uma exposição inicial da ideia de esquecimento em Nietzsche e Freud, ressaltando o caráter ambivalente que recobre essa ideia nos dois autores, apresenta-se o propósito deste estudo que é experimentar a hipótese segundo a qual, em ambos, ao lado do esquecimento entendido como uma espécie de amnésia, é possível considerar uma ideia de esquecimento ativo e expressão de um estado de saúde. O que se apresenta como uma digestão de impressões passadas, em Nietzsche, e como a introdução dessas impressões em processos associativos, em Freud. Assim, em ambos a despeito das diferenças conceituais e metodológicas que afastam o filósofo e o médico no tratamento do tema, seria possível identificar uma ideia de esquecimento que pode ser tomada ora como meio, ora como sinal de força e saúde.</span></p>Antonio Edmilson Paschoal
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2025-09-182025-09-1827especial121022310.59539/2175-2834-v27nespecial1-1120(Com)domínio do ciberespaço: a cibercultura algorítmica em busca da tecnificação do mal-estar
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<p>O presente artigo explora a relação entre a cibercultura algorítmica e a tecnificação do mal-estar na sociedade contemporânea. Partindo da premissa de que a intervenção humana no estado natural das coisas, impulsionada pelo desenvolvimento técnico e científico, soluciona problemas, mas também gera novas formas de sofrimento, o estudo analisa como a cibercultura intensifica essa dinâmica. A pesquisa aborda a segregação digital, as bolhas de filtros e os domínios do ciberespaço como mecanismos que, ao invés de promoverem a diversidade e a abertura subjetiva, podem levar à exclusão e à homogeneização do pensamento a partir de um processo de condominização digital. A análise se baseia em referenciais teóricos da psicanálise, sociologia e ciência da computação, destacando a importância de uma reflexão crítica sobre os impactos da tecnologia no sujeito e no laço social. Conclui-se que a tecnificação do mal-estar na cibercultura algorítmica exige uma atenção constante aos seus efeitos segregativos e à necessidade de promover uma gestão mais democrática e inclusiva do ciberespaço.</p>Sam Alcântara
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2025-09-182025-09-1827especial122423910.59539/2175-2834-v27nespecial1-1123Ser-tão periphérico em três atos: onde o pensamento da gente se forma mais forte que o poder do lugar
https://revistas.dwwe.com.br:443/index.php/NH/article/view/1124
<p><span style="font-weight: 400;">O texto propõe uma reflexão crítica sobre a psicanálise no contexto periférico e suas intersecções com raça, gênero, classe e religião. Partindo de experiências práticas e teóricas, os autores exploram a potência de uma </span><em><span style="font-weight: 400;">escuta periphérica</span></em><span style="font-weight: 400;">, que reconhece as marcas sociais e históricas no sofrimento psíquico, em oposição à neutralidade elitista da psicanálise tradicional. O texto articula temas como racismo estrutural, transfeminicídio, religiosidade de matriz africana e as implicações éticas de uma clínica politizada, enquanto reivindica uma psicanálise que abrace as diferenças e acolha a alteridade, promovendo uma prática afirmativa e transformadora na periferia.</span></p>Jairo Carioca de OliveiraRonald Lopes de Oliveira
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2025-09-182025-09-1827especial124026510.59539/2175-2834-v27nespecial1-1124Pai, Filho e Espírito Santo: Onde o Pai é uma questão dialética, de fé ou de lógica
https://revistas.dwwe.com.br:443/index.php/NH/article/view/1125
<p><span style="font-weight: 400;">Este artigo propõe uma refexão acerca da função do Pai na tríade cristã — Pai, Filho e Espírito Santo — à luz da dialética hegeliana e da psicanálise lacaniana. Percorre-se o trajeto do pai mítico ao simbólico, até sua relativização no real, interrogando a centralidade e a fragilidade dessa figura na contemporaneidade. A articulação entre Hegel e Lacan, mediada por Slavoj Žižek, revela como a negatividade e o vazio constituem o sujeito e o próprio conceito de Pai, cuja função simbólica se mostra indispensável, ainda que esvaziada de substância. A topologia lacaniana, ao lado da dialética hegeliana, nos oferece aqui os instrumentos conceituais para repensar a figura do Pai na cultura e na subjetividade contemporâneas.</span></p>Maria Cristina de Tavora Sparano
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2025-09-182025-09-1827especial126627110.59539/2175-2834-v27nespecial1-1125As ideias dão forma às coisas: uma ontologia negativa entre a filosofia e a psicanálise
https://revistas.dwwe.com.br:443/index.php/NH/article/view/1126
<p><span style="font-weight: 400;">Este artigo busca propor uma reflexão sobre a interseção entre psicanálise e filosofia política, tendo como fio condutor a negatividade e sua potencialidade ontológica. A partir das teorias de Lacan e Badiou, discutimos como a negatividade, presente tanto na constituição do sujeito quanto na formação da realidade, pode ser compreendida como um contraponto ao realismo capitalista. O texto explora as noções de negação e reconhecimento em Lacan, destacando o papel da negatividade na estruturação da subjetividade e no vínculo com o simbólico e o imaginário. Em um segundo momento é abordado o conceito de acontecimento em Badiou, entendendo-o como uma abertura para o novo que permite ao sujeito romper com as determinações impostas pela lógica neoliberal. A partir dessas análises, propomos uma ontologia negativa que ressignifica categorias fundamentais como sujeito e realidade, argumentando que tal abordagem pode oferecer uma alternativa teórica e política para a superação das imposições normativas e produtivas do capitalismo contemporâneo.</span></p>Allysson Alves Anhaia
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2025-09-182025-09-1827especial127228910.59539/2175-2834-v27nespecial1-1126O sujeito capturado pela arte que faz função de Unheimlich (estranho familiar)
https://revistas.dwwe.com.br:443/index.php/NH/article/view/1127
<p><span style="font-weight: 400;">Tocado pela criação artística, o sujeito pode fazer algo com isso, no sentido da retificação subjetiva. A arte é a função do analista como objeto a, manifestando assim, a verdade sobre o inconsciente. Pensando no enunciado como produto de uma enunciação, podemos perceber que o artista enuncia, faz seu enunciado tanto quanto o analisando, ambos produzem tocados pelo seu inconsciente. Sendo assim, a enunciação vai evidenciar um processo de construção e de criação.O artista e o analista, não reproduzem o visível, tornam algo visível pelo desvelamento ou pela interpretação. Ambos despertam a nossa vontade de falar sobre o indizível. O sujeito é capturado pela arte que faz função de U</span><em><span style="font-weight: 400;">nheimlich, </span></em><span style="font-weight: 400;">que traz a estranheza (o estranho familiar). A criação artística e a psicanálise despertam no outro a criação. </span><em><span style="font-weight: 400;"> </span></em><span style="font-weight: 400;">Arte e psicanálise produzem enunciações, possibilitando assim um diálogo, um enriquecimento entre ambas. A psicanálise se serve da arte, compreendemos com Freud que a arte está à frente da psicanálise e que diante do artista, o analista, tem que depor as armas, onde a teoria é esquecida. (Freud, 1928, p. 52) Para que serve uma análise ou uma criação artística? Como nos ensina Lacan (1976, p.204), para fazer poesia, novos significantes, novos sentidos à vida e novas palavras. Consiste em servir-se de uma palavra, para outra finalidade diferente daquela para a qual ela é feita, torcê-la um pouco; é nessa distorção que reside o seu efeito operacional, desejo transformado em arte. A arte e a psicanálise podem ser pensadas como uma enunciação.</span></p>Vivian Reis
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2025-09-182025-09-1827especial129030010.59539/2175-2834-v27nespecial1-1127Psicopatologia da dominação: Frantz Fanon e Grada Kilomba sobre o trauma colonial
https://revistas.dwwe.com.br:443/index.php/NH/article/view/1128
<p><span style="font-weight: 400;">O presente texto explora as consequências psíquicas da dominação por meio das análises de Frantz Fanon e de Grada Kilomba e do conceito de trauma colonial. A proposta é destacar alguns aspectos históricos e sociais que permitem compreender como a estrutura da dominação, mediada pela violência colonial, resultou em psicopatologias nos colonizados e como esse efeito violento é abordado pela psicanálise. Por meio da análise da dominação e de seus efeitos nocivos, Fanon demonstra como as experiências de opressão, desumanização e violências físicas, inerentes ao processo de dominação de territórios e grupos de pessoas, geram traumas profundos que se manifestam em diversas formas de sofrimento psíquico. Além disso, destaca-se no texto que a violência colonial promovida no processo de dominação não se limita ao passado, no qual as práticas de dominação geravam efeitos imediatos, mas continua a produzir impactos duradouros nas sociedades pós-coloniais, na medida em que as próprias ferramentas de dominação permanecem atualizando suas formas de manutenção do poder e, portanto, reproduzindo novas violências contra grupos não hegemônicos. Para compreender, então, os efeitos psicossomáticos da dominação, faz-se necessário um entendimento das relações de poder que se perpetuaram ao longo do tempo e que se atualizam constantemente para a sustentação de uma lógica de dominação que resulta, entre outras consequências, no adoecimento de pessoas pertencentes a grupos minorizados. Este artigo não pretende esgotar o tema, mas, sim, destacar algumas questões centrais que podem servir como ponto de partida para aprofundamentos futuros.</span></p>Jéssica Kellen Rodrigues
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2025-09-182025-09-1827especial130132210.59539/2175-2834-v27nespecial1-1128Arte y psicoanálisis: Tensiones y problemas filosóficos de la Inteligencia Artificial al interior del capitalismo tardío en su fase algorítmica desde la crítica de la ratio identificatoria de T.W. Adorno
https://revistas.dwwe.com.br:443/index.php/NH/article/view/1129
<p><span style="font-weight: 400;"> En este trabajo se analiza la relación entre la estética, el psicoanálisis freudiano y la inteligencia artificial. El arte como totalidad paradójica en la que convergen deseo, fantasía y sensibilidad estética como objeto de análisis, expresa en forma peculiar un conjunto de distintas efectualizaciones de la experiencia de nuestra especie que se caracteriza por imaginar modelos de sociabilidad a lo largo de la historia, cuyos componentes emancipatorios acercan el arte a la crítica de la cultura, de cara a la utopía mediante el prisma de una </span><em><span style="font-weight: 400;">ratio</span></em><span style="font-weight: 400;"> no identificatoria desde una perspectiva adorniana. Ante la pregunta de si la inteligencia artificial puede superar las determinaciones del deseo y la irrepresentabilidad del inconsciente se concluye que la tensión entre las demandas de la corporalidad y el conflicto social que se condensa en la obra de arte, y la forma de racionalidad en la que se articulan la sensibilidad y la dinámica pulsional como pliegues de sociabilidad específicamente humana, resultan aún opacas para la lógica enteramente instrumental con la que funcionan los algoritmos.</span></p>Fabrizio Fallas-Vargas
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2025-09-182025-09-1827especial132333810.59539/2175-2834-v27nespecial1-1129De la Filosofía al Psicoanálisis y vuelta
https://revistas.dwwe.com.br:443/index.php/NH/article/view/1130
<p><span style="font-weight: 400;">No cabe duda que el psicoanálisis en sentido estricto comienza con Freud. Pero es sólo con Horkheimer y Adorno que adquiere carta de ciudadanía en la filosofía, al menos en la alemana. Aunque no podemos olvidar a Nietzsche. En Francia son Sartre, Camus, Beauvoir, Lacan, Althusser, etc. los que introducen elementos psicoanalíticos en sus filosofías. En sentido lato, podemos decir que desde el comienzo, desde la tragedia griega, y antes seguramente, encontramos elementos sin los cuales el psicoanálisis no hubiera existido. Algunos de estos elementos queremos rastrear brevemente en este artículo.</span></p>Xabier Insausti Ugarriza
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2025-09-182025-09-1827especial133935910.59539/2175-2834-v27nespecial1-1130Entre a rejeição e a autorização do feminino
https://revistas.dwwe.com.br:443/index.php/NH/article/view/1131
<p><span style="font-weight: 400;">O feminino não é herança de nenhum gênero. Nem a rejeição do feminino. Freud diz que uma razão poderosa que impede a conclusão da análise freudiana, tanto para homens como para mulheres, embora de maneiras diferentes, é persistir na neurose ao persistir no rechazo do feminino, persistir na des- autorização /rejeição do feminino. Uma análise levada às últimas consequências significa ir além do rechaço do feminino, dando origem à autorização do ser falante e a um vínculo não segregativo.</span></p>Jacquie Lejbowicz
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2025-09-182025-09-1827especial136036610.59539/2175-2834-v27nespecial1-1131Structural deadlocks of capitalist nihilism: Marx, Nietzsche, and a Hegelian Lacan
https://revistas.dwwe.com.br:443/index.php/NH/article/view/1132
<p><span style="font-weight: 400;">This paper seeks to foster an encounter between Marx and a “Slovenian” interpretation of Lacan in order to explore the possibility of reading Marx’s critical project as a theory of capitalist nihilism (in Nietzsche’s sense). It argues that the structural instability —the structural non-relation— that Lacan identifies in Marx and wields against the purportedly non-barred, consistent, and complete nature of the Saussurean structure provides a valuable foundation for examining the paradoxical contours of capitalist nihilism (as theorised in Marx’s texts) by shifting from Saussure to the Hegel-Lacan axis. Moreover, this exercise aims to shed new Lacanian light on key Marxian concepts, approached from a standpoint that attempts to enact a “Marxist” repetition of Nietzsche. </span></p>Pol Ruiz de Gauna de Lacalle
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2025-09-182025-09-1827especial136739510.59539/2175-2834-v27nespecial1-1132Resenha do livro Afetos em mosaico
https://revistas.dwwe.com.br:443/index.php/NH/article/view/1134
<p><span style="font-weight: 400;">O livro de Isadora Petry, fruto de sua tese de doutorado defendida na Universidade Estadual de Campinas, sob orientação de Oswaldo Giacóia Júnior, vem ocupar um lugar muito pouco explorado na pesquisa Nietzsche brasileira. Ainda que o tema da decadência em Friedrich Nietzsche tenha sido objeto de pesquisa em alguns trabalhos no campo nacional, como o livro atesta de maneira profícua em sua minuciosa abordagem exegética da recepção do tema não só no Brasil como na pesquisa Nietzsche internacional – o que por si só coloca o livro em posição de destaque – há uma especificidade na abordagem de Petry que vem ocupar um espaço significativo nos debates que giram em torno da questão da </span><em><span style="font-weight: 400;">décadence</span></em><span style="font-weight: 400;">, termo que Nietzsche faz questão de grafar em francês e que surge nessa forma em um período específico de sua obra, na passagem de 1887 a 1888 período que, não seria descabido afirmar, se trata de um dos mais produtivo da vida de Nietzsche, em que diversos livros foram concebidos, ainda que não publicados, em alguns casos, se não postumamente, como se deu com </span><em><span style="font-weight: 400;">Ecce Homo</span></em><span style="font-weight: 400;">, mas que contempla também, </span><em><span style="font-weight: 400;">O caso Wagner, Crepúsculo dos ídolos</span></em><span style="font-weight: 400;"> e </span><em><span style="font-weight: 400;">O anticristo</span></em><span style="font-weight: 400;">, por exemplo. </span></p>Vinicius Souza de Paulo
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2025-09-182025-09-1827especial139640010.59539/2175-2834-v27nespecial1-1134Apresentação do Dossiê II Congresso Internacional Psicanálise e Filosofia: Psicanálise e os Labirintos da Alma
https://revistas.dwwe.com.br:443/index.php/NH/article/view/1152
<p>Apresentação do Dossiê II Congresso Internacional Psicanálise e Filosofia: Psicanálise e os Labirintos da Alma.</p>João Ponciano
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2025-09-182025-09-1827especial1III10.59539/2175-2834-v27nespecial1-1152