Heidegger e a linguagem: do acolhimento do ser ao acolhimento do outro

Autores/as

  • André Duarte

Resumen

Este texto investiga as implicações éticas pós-metafísicas da concepção heideggeriana da linguagem, partindo de Ser e Tempo para, então, discutir as obras da maturidade de Heidegger, elaboradas nos anos 50. Organiza-se em torno de duas hipóteses complementares: em primeiro lugar, a de que os traços fundamentais da concepção heideggeriana madura da linguagem já se encontravam delineados em Ser e Tempo, a despeito de ainda não estarem plenamente desenvolvidos àquela época. A segunda hipótese é a de que o acolhimento do ser, que constitui o gesto e o impulso fundamental subjacentes à meditação heideggeriana sobre a linguagem, traz consigo implicações de caráter ético, pois permite pensar a possibilidade de um genuíno acolhimento do outro como outro. No período da ontologia fundamental, o acolhimento do ser próprio possibilita uma apropriação do dizer e da escuta que, por sua vez, torna possível o acolhimento do outro com quem coexisto no mundo. Nas obras posteriores, o acolhimento do ser depende da desconstrução da concepção metafísica do homem como animal racional e da linguagem como sistema proposicional lógico, em vista de uma meditação sobre a relação entre o ser dos mortais e o ser da linguagem. Argumento que essa meditação, por sua vez, permite a possibilidade de um ek-sistir "outro" e de uma "outra" relação com o próximo, inspiradas pela aceitação e afirmação da capacidade humana de experimentar a morte enquanto morte. Palavras-chave: Heidegger, Linguagem, Ética pós-metafísica.

Publicado

2024-10-02

Cómo citar

Duarte, A. (2024). Heidegger e a linguagem: do acolhimento do ser ao acolhimento do outro. Natureza Humana - Revista Internacional De Filosofia E Psicanálise, 7(1), 129–158. Recuperado a partir de https://revistas.dwwe.com.br:443/index.php/NH/article/view/856