O valor da não-comunicação: brincadeira de esconde-esconde
DOI:
https://doi.org/10.59539/1679-432X-v9n2-67Palavras-chave:
comunicação; adolescência; artistas; segredo; repouso.Resumo
Este trabalho pretende colocar em relevo o valor da não-comunicação, assim como a importância da dialética “estar só”/“estar com”, própria da brincadeira de esconde-esconde. Winnicott sugeriu que muitos adolescentes não gostam dos psicanalistas, pois aqueles se irritam com a ameaça de invasão de seu espaço privado e preferem um diário secreto. É estranho como nos dias de hoje assistimos a uma paixão dos adolescentes por uma conectividade ininterrupta, agitada e veloz, com pouco espaço para as pausas, os silêncios e o espaço de segredo. Como entender então essa aparente contradição? Podemos considerar que a modalidade de comunicação incessante e compulsiva que predomina em nossa cultura assemelha-se à defesa maníaca na qual um falso-self está sempre buscando os movimentos agitados e ascendentes, sem lugar para o pouso e a queda, evitando, assim, a experiência depressiva e furtando-se ao viver criativo e ao “tempo do sonhar”? Ainda há lugar no mundo de hoje para um Salinger ou um Proust?Referências
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