Mal-estar no parque humano: da crise do humanismo à biotecnologia

Autores

  • Rafael Nogueira Furtado UFJF

Resumo

o artigo discute criticamente a tese de Peter Sloterdijk, segundo a qual a crise contemporânea do humanismo contribuiria para a emergência da biotecnologia como instrumento de formação humana. Este trabalho compreende duas etapas. Primeiramente, busca-se elucidar o papel do humanismo no processo civilizatório ocidental e os fatores envolvidos na crise identificada pelo autor. Trata-se de articular o pensamento de Sloterdijk aos escritos de Heidegger e Nietzsche, refletindo-se sobre a superação do humanismo, tal como abordada por estes filósofos. Por conseguinte, a segunda etapa do trabalho problematiza os efeitos antropogênicos da biotecnologia. Para isto, o pensamento de Sloterdijk será articulado a debates recentes sobre as implicações éticas do melhoramento humano. Espera-se, com este artigo, ponderar sobre as aplicações aceitáveis da biotecnologia.

Referências

Bostrom, N. (2008). Ethical issues in human enhancement. In T. Petersen, J. Ryberg, & C. Wolf (Org.), New waves in applied ethics. London: Palgrave Macmillan.

Bostrom, N. (2005). In defense of posthuman dignity. Bioethics, 19(3), p. 202-14.

Buchanan, A. (2011). Beyond humanity? The ethics of biomedical enhancement. Oxford: Oxford University Press.

Brüseke, F. (2011). Uma vida de exercícios: a antropotécnica de Peter Sloterdijk. Revista brasileira de ciências sociais, 26(75), p. 163-74.

Castro-Gómez, S. (2012). Sobre el concepto de antropotécnica en Peter Sloterdijk. Revista de estudios sociales, 43, p. 63-73.

Duarte, A. (2006). Heidegger e Foucault, críticos da modernidade: humanismo, técnica e biopolítica. Trans/Form/Ação, 29(2), p. 95-114.

Habermas, J. (2010). O futuro da natureza humana: a caminho de uma eugenia liberal? Tradução: Karina Jannini. São Paulo: Martins Fontes.

Heidegger, M. (2007). A questão da técnica. Scientiae studi, 5(3), p. 375-98.

Heidegger, M. (2009). Sobre o humanismo. Tradução: Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro.

Jaeger, W. (1995). Paidéia: a formação do homem grego. Tradução: Artur M. Parreira. São Paulo: Martins Fontes.

Liang, P. et al. (2015). CRISPR/Cas9-mediated gene editing in human tripronuclear zygotes. Protein & Cell, 6(5), p. 363-72.

Mann, N. (1996). The origins of humanism. In J. Kraye (Org.), The Cambridge companion to renaissance humanism. Cambridge: Cambridge University Press.

Marques, J. (2002). Sobre as regras para o parque humano de Sloterdijk. Natureza humana, 4(2), p. 363-81.

Nietzsche, F. (2011). Assim falou Zaratustra: um livro para espíritos livres. Tradução: Mario da Silva. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

Nietzsche, F. (2001). A gaia ciência. Tradução: Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras.

Nietzsche, F. (2009). Genealogia da moral: uma polêmica. Tradução: Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras.

Rose, N. (2013). A política da própria vida: biomedicina, poder e subjetividade no século XXI. Tradução Paulo Ferreira Valerio. São Paulo: Paulus.

Sloterdijk, P. (2012). Crítica da razão cínica. Tradução: Marco Casanova. São Paulo: Estação Liberdade.

Sloterdijk, P. (2009). Esferas I: bolhas. Tradução: Isidoro Reguera. Madri: Siruela.

Sloterdijk, P. (2014). Esferas II: globos. Tradução: Isidoro Reguera. Madri: Siruela.

Sloterdijk, P. (2014). Esferas III: espumas. Tradução: Isidoro Reguera. Madri: Siruela.

Sloterdijk, P. (1999). No mesmo barco: ensaio sobre a hiperpolítica. Tradução: Cláudia Cavalcanti. São Paulo: Estação Liberdade.

Sloterdijk, P. (2000). Regras para o parque humano: uma resposta à carta de Heidegger sobre o humanismo. Tradução: José Oscar de Almeida Marques. São Paulo: Estação Liberdade.

Downloads

Publicado

2019-06-29

Como Citar

Furtado, R. N. (2019). Mal-estar no parque humano: da crise do humanismo à biotecnologia. Natureza Humana - Revista Internacional De Filosofia E Psicanálise, 21(1). Recuperado de https://revistas.dwwe.com.br/index.php/NH/article/view/364

Edição

Seção

Artigos de fluxo contínuo