A ontologia da psicanálise
Resumo
Este trabalho assume dois pressupostos relativos aos compromissos ontológicos das teorias. Primeiro, em termos epistemológicos, considerando que as teorias estabelecem relações objetivantes que tornam possível a constituição dos seus objetos. Segundo, que isso ocorre em função de uma marca epistêmica que as constitui e avalia. Podemos pensar, seguindo Dilthey, que tais demarcações regionais são relativas a determinados tipos de procedimentos. Teríamos, assim, duas realidades: uma relativa a um conjunto de procedimentos científicos experimentais, a realidade física e, ante ela, uma outra, relativa aos procedimentos hermenêuticos, a realidade histórica. A primeira, suscetível de explicação, e a segunda, apenas de compreensão. A análise das três reconstruções da psicanálise freudiana, feitas por Ricoeur, Grünbaum e Hopkins, respectivamente, pretende mostrar os limites da adesão a um único tipo de procedimento. Minha proposta procura mostrar que a compreensão e a explicação não têm um caráter dicotômico e que, nenhuma delas, por si só, constitui uma ontologia. Se fosse possível apresentar uma ciência cujos procedimentos não são nem de um tipo nem de outro, mas uma amálgama desses, então, essa ciência representaria, de modo legítimo, uma problematização dessa oposição. Ela nos obrigaria a fazer uma revisão da metategoria que a torna possível. Meu objetivo é defender que a psicanálise freudiana seja essa ciência. Palavras-chave: explicação; compreensão; relatividade ontológica; psicanálise; epistemologíaDownloads
Publicado
2024-05-17
Como Citar
Minhot, L. (2024). A ontologia da psicanálise. Natureza Humana - Revista Internacional De Filosofia E Psicanálise, 8(especial 1), 63–89. Recuperado de https://revistas.dwwe.com.br:443/index.php/NH/article/view/674
Edição
Seção
Artigos