A linguagem e o "aquém" da linguagem na psicanálise

Autores

  • Luís Carlos Menezes
  • Alan Victor Meyer

Resumo

No presente trabalho, os autores reafirmam, de um ponto de vista estritamente psicanalítico, o lugar da fala e da linguagem na psicanálise, desde que Freud batizou sua tékne de talking cure. O que parece óbvio foi, em grande parte, posto de lado pela psicanálise atual, dando destaque à experiência emocional como um "aquém" da linguagem. Lacan, na introdução de seu discurso de Roma - "Função e campo da fala e da linguagem na psicanálise" -, após enumerar os caminhos pelos quais se enveredou a psicanálise, aponta a "tentação que se apresenta ao analista de abandonar o fundamento da fala". Devemos uma fidelidade ao espírito dessa posição assumida por Lacan, ao recolocar o que sempre foi o essencial para Freud. Consideramos que nenhuma teoria linguística pode dar conta da fala e da linguagem na psicanálise e que, nesse sentido, a importância de Heidegger é fundamental, ao oferecer uma ontologia da linguagem que acreditamos ser inerente à prática analítica, enquanto fundação poética da linguagem. Essa posição foi explicitamente assumida por Fédida em seminário sobre o tema em São Paulo, baseando-se nas conferências de Heidegger: A caminho da fala. A fundação poética é assim constituição de mundo, onde se dá o "aquém" ou quem sabe o "além" da linguagem. Nesse contexto, mantendo-nos próximos da clínica, acreditamos poder articular a experiência emocional, por mais que as palavras sejam esmagadas em sua capacidade de ressonância, como é tão frequente na clínica atual.  Palavras-chave: linguagem pré-verbal; fala poiética; experiência emocional.

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Publicado

2024-05-17

Como Citar

Menezes, L. C., & Meyer, A. V. (2024). A linguagem e o "aquém" da linguagem na psicanálise. Natureza Humana - Revista Internacional De Filosofia E Psicanálise, 8(especial 1), 253–270. Recuperado de https://revistas.dwwe.com.br:443/index.php/NH/article/view/682